A delegação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no processo de negociação com a oposição solicitou ao mediador norueguês que revise as evidências de supostas conspirações de magnicídio e o estado dos acordos assinados.

“Desejo e espero que os facilitadores da Noruega, que sempre dizem que queremos verificar um pouco o estado dos acordos, venham (…) para que possamos entregar-lhes todas as provas e vocês terão que fazer alguma coisa”, disse Jorge Rodríguez, líder do Parlamento e da delegação oficial.

“Venham verificar”, insistiu em uma coletiva de imprensa em que revisou evidências desses supostos planos conspiratórios, pelos quais mais de 30 pessoas, entre civis e militares, estão detidas.

A Noruega media um processo de diálogo entre o governo e a oposição da Venezuela desde agosto de 2021, que teve longos períodos de inatividade, mas que chegou a um primeiro acordo político em outubro passado para realizar eleições presidenciais no segundo semestre deste ano, com observação da União Europeia e de outros atores internacionais.

Rodríguez afirmou que também enviará as evidências aos membros da delegação da coalizão opositora Plataforma Unitaria, esperando igualmente um pronunciamento de rejeição.

“Aqui diz ratificando, rejeitando qualquer forma de violência política contra a Venezuela, seu Estado e suas instituições. Quando vocês estavam assinando isso, já estava em pleno desenvolvimento a operação do assassino de La Viñeta”, uma residência oficial onde supostamente planejavam matar Maduro.

“Vamos insistir que acreditamos em uma negociação onde o que é acordado seja respeitado”, acrescentou o deputado, responsabilizando uma “casta política” de “sobrenome Machado”, em referência à líder opositora María Corina Machado, sem mencioná-la explicitamente.

O Ministério Público informou na semana passada que durante 2023 e o início de 2024 foram neutralizados cinco supostos planos de magnicídio.

Segundo as autoridades, os planos não foram divulgados na época para não atrapalhar os processos de diálogo, tanto com a oposição quanto com os Estados Unidos.

Rodríguez condenou as críticas feitas por Washington a essas operações e afirmou que têm “todos os nomes dos agentes da CIA com quem esses desertores, traidores, assassinos se encontraram”.

As denúncias de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder em 2024 e joga sua continuidade em eleições ainda sem data prevista.

As agências antidrogas (DEA) e de inteligência (CIA) dos Estados Unidos, assim como atores do Exército colombiano, são frequentemente apontados como responsáveis.

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