A noite da 96ª edição do Oscar no Dolby Theater, em Los Angeles, Estados Unidos, no domingo, 10, teve diversas manifestações políticas no tapete vermelho e no palco à respeito das guerras entre Israel e Palestina e Ucrânia e Rússia.

Jonathan Glazer, judeu ashkenazi e diretor de “Zona de Interesse”, foi vencedor de Melhor Filme Internacional e citou a guerra na Faixa de Gaza como um “um processo de desumanização”. O tema é abordado no seu longa, que retrata o cotidiano alegre e tranquilo de uma família nazista que vive ao lado do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia.

“Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário, moldando nosso passado e presente. Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam o seu judaísmo e o Holocausto, sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito, sejam os israelenses vítimas do 7 de outubro ou [os palestinos] do ataque em Gaza”, disse ele em seu discurso com a estatueta na mão.

Assista a íntegra do discurso de Jonathan Glazer:

 

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Mstyslav Chernov, diretor de “20 Dias em Mariupol”, que levou o Oscar de Melhor Documentário – e o primeiro para a história da Ucrânia – disse que preferiria “nunca ter feito o filme” e pediu para que o governo russo liberte os reféns, soldados e civis ucranianos.

“Provavelmente serei o primeiro diretor neste palco a dizer que gostaria de nunca ter feito este filme”, disse ele. “Gostaria de poder trocar isto com a Rússia nunca atacando a Ucrânia, nunca ocupando as nossas cidades… mas não posso mudar a história. Não posso mudar o passado”, seguiu.

Mstyslav Chernov durante seu discurso no Oscar 2024
Mstyslav Chernov durante seu discurso no Oscar 2024 (Crédito:KEVIN WINTER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

“Mas todos nós, juntos, vocês, algumas das pessoas mais talentosas do mundo, podemos garantir que os registros da história sejam corrigidos e que a verdade prevalecerá e que o povo de Mariupol e aqueles que deram suas vidas nunca serão esquecidos. Porque o cinema forma memórias. E as memórias formam a história”, continuou enquanto o público o aplaudia de pé.

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“Desejo dar todo o reconhecimento ao fato de a Rússia não ter matado dezenas de milhares dos meus concidadãos ucranianos. Desejo que libertem todos os reféns, todos os soldados que protegem as suas terras, todos os civis que estão agora nas suas prisões”, completou.

O filme mostra um grupo de jornalistas presos dentro da cidade ucraniana de Mariupol, que fica na fronteira industrial dos dois países, após a invasão russa. Os jornalistas lutam para continuar a registrar o conflito, enquanto tentam sobreviver.

Assista a íntegra do discurso de Mstyslav Chernov:

Protestos pró-Palestina

Previsto para começar às 20h, no horário de Brasília, a entrega dos prêmios do Oscar 2024 teve alguns minutos de atraso. Isso aconteceu por conta de manifestações pró-Palestina que aconteciam próximas ao Dolby Theater. As informações são do canal TV Line.

Os manifestantes fecharam ruas próximas ao local da premiação e criticavam os ataques de Israel na Faixa de Gaza. Eles pediam também um cessar-fogo imediato no conflito. “Enquanto você assiste, bombas estão caindo”, dizia uma placa. Por isso, algumas celebridades tiveram dificuldade de chegar até o local da cerimônia.

Algumas celebridades e nomes fortes de Hollywood também entraram com broches pedindo cessar-fogo em Gaza. Os pins vermelhos fazem parte de um movimento lançado pelo Artists4Ceasefire, um grupo de integrantes da indústria do entretenimento que escreveu uma carta aberta a Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, para exigir uma posição.

“Além da nossa dor e luto por todas as pessoas e pelos seus entes queridos em todo o mundo, somos motivados por uma vontade inflexível de defender a nossa humanidade comum. Defendemos a liberdade, a justiça, a dignidade e a paz para todas as pessoas – e um profundo desejo de impedir mais derramamento de sangue”, diz a carta para o presidente assinada pelos atores Mark Ruffalo, Kristen Stewart, Mahershala Ali, a cantora Jennifer Lopez e a diretora e roteirista Ava DuVernay.

Os atores Ramy Youssef e Mark Ruffalo de “Pobres Criaturas”, Milo Machado-Graner e Swann Arlaud, de “Anatomia de uma Queda”, Mahershala Ali, de “Ficção Americana”, Eugene Lee Yang, de “Nimona”, a diretora e roteirista Ava DuVernay de “Olhos que Condenam”,  o diretor Misan Harriman, de “The After”, o diretor e roteirista Kaouther Ben Hania, de “Four Daughters” e a cantora Billie Eilish e o irmão, o produtor Finneas O’Connell foram alguns dos nomes que estavam com o adereço.