O tênis sul-americano comemora sua ressurreição, impulsionada especialmente por jogadores de Argentina e Chile, embora ainda não tenha surgido algum nome que prometa se tornar candidato aos grandes títulos.

A América do Sul colocou nesta semana 13 tenistas no Top 100 do ranking da ATP, quatro entre os 30 melhores do mundo e abaixo dos 30 anos: os argentinos Francisco Cerúndolo (20), Sebastián Báez (21) e Tomás Etcheverry (27), e o chileno Nicolás Jarry (22).

O número é um pouco superior ao de ranqueados que a região teve no final de 2021 (10), 2022 (11) e 2023 (12), e está muito acima do de 2020 (8), último ano em que um sul-americano, o argentino Diego Schwartzman (9º), terminou no Top 10.

O título de Báez no Rio Open (ATP 500), no último domingo, somada à vitória no ATP 250 de Buenos Aires em 18 de fevereiro, consolidam os ares de renovação.

“Já faz dez anos que [Gastón] Gaudio, [Guillermo] Coria e [David] Nalbandian se aposentaram. Então houve um pequeno vácuo no tênis sul-americano, mas agora volta o auge com jogadores muito interessantes”, disse o ex-tenista espanhol David Ferrer na semana passada, no Rio de Janeiro.

Ferrer, ex-número 3 do mundo, destacou o “bom momento” do tênis da América do Sul, que no Rio e em Buenos Aires superou europeus como Carlos Alcaraz (2º do ranking da ATP), Cameron Norrie (29º) e a promessa francesa Arthur Fils (44º).

As duas edições passadas de ambos os torneios tinham sido conquistadas por tenistas do ‘Velho Continente’: no Rio, por Alcaraz (2022) e Norrie (2023); na Argentina, por Casper Ruud (2022) e Alcaraz (2023).

O ATP 250 que acontece nesta semana no Chile é outra chance para medir a força da nova geração sul-americana.

– Promessa brasileira –

Único brasileiro no Top 100 da ATP, Thiago Wild (73º), de 23 anos, destacou que a América do Sul “tem muitos jogadores em um alto nível ao mesmo tempo”.

“Tomara que possamos ter dois ou três em uma chave de Grand Slam”, afirmou Thiago.

Mas outra promessa brasileira vem chamando a atenção: João Fonseca, de 17 anos, campeão do US Open juvenil em 2023.

O carioca mostrou seu potencial no Rio Open, do qual se despediu como o tenista mais jovem do circuito a chegar a uma fase de quartas de final em uma década. Além disso, subiu de 655º para 343º no ranking da ATP.

Na primeira rodada, eliminou Fils (sétimo cabeça de chave e jogador mais jovem do Top 50) e, nas oitavas, passou pelo chileno Cristian Garín (83º), campeão do torneio em 2020. Mas João pede prudência.

“Não sou uma estrela, até agora estou começando a minha carreira”, afirmou o brasileiro, mostrando uma maturidade que muitos consideram uma de suas melhores armas.

“A carreira é longa e o tênis é um esporte de muito tempo”, acrescentou.

– “Estamos muito próximos” –

O ambiente nas competições realizadas na América do Sul, com algumas semelhanças com a alegria vivida nos estádios de futebol, também fez com que ícones do tênis como o alemão Boris Becker e o britânico Andy Murray pedissem que a região recebesse mais eventos de categoria superior.

Mas a renovação parece – pelo menos por enquanto – longe do nível de lendas como Gustavo Kuerten e o chileno Marcelo Ríos, ou de jogadores do Top 5 como os argentinos Guillermo Coria, Juan Martín del Potro, Gastón Gaudio e David Nalbandian.

Del Potro foi o último sul-americano a vencer um Grand Slam (US Open 2009) e um Masters 1000 (Indian Wells 2018).

“Claramente não somos a legião em que havia sete, oito jogadores no Top 20, no Top-30, mas acho que vamos produzir muitos jogadores no Top 100, muitos jogadores no Top 200. Somos protagonistas de quase todos os Challengers no saibro”, disse Francisco Cerúndolo, 25 anos.

“Depois, sermos mais limitados ou não que um Top 10, ou um Top 5, também tem muito a ver com a natureza. Algumas pessoas nascem com essas qualidades, outras trabalham muito mais e por isso também se sobressaem. Também estamos muito próximos, não a quilômetros, estamos a dez posições”, acrescentou.

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