Haddad usa ‘rachadinha’ para rebater Flávio Bolsonaro sobre Pix: ‘Pego pela Receita’

Montagem/IstoÉ
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o senador de oposição Flávio Bolsonaro (PL-RJ) Foto: Montagem/IstoÉ

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou de “inescrupulosos” os opositores que espalharam a notícia falsa de que o Pix seria taxado, citou o caso das rachadinhas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e disse que, por isso, ele não tem motivo para reclamar da Receita Federal.

As rachadinhas do senador Flávio foram combatidas porque a autoridade identificou uma movimentação absurda nas contas dele. Agora o Flávio Bolsonaro está reclamando da Receita? Ele não pode reclamar da Receita, ele foi pego pela Receita“, declarou Haddad.

As declarações foram dadas no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 15, depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os ministros Jorge Messias (AGU) e Sidônio Palmeira (Secom) e o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

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Recuo sobre Pix

Após o encontro, os integrantes do governo anunciaram que o ato do Fisco para aumentar o monitoramento das transações do Pix seria revogado e que Lula assinará uma medida provisória para incluir no sistema legal a proibição de taxas sobre essa forma de pagamento.

O texto também incluirá uma equiparação do Pix ao dinheiro vivo, impedindo comerciantes de cobrarem preços diferentes para pagamentos feitos por esses dois meios. O ato da Receita sobre monitoramento foi usado por opositores para espalhar a história falsa de que haveria taxação.

O ministro da Fazenda usou o caso do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro como exemplo para defender a fiscalização das autoridades sobre transações financeiras.

O caso de Flávio

Filho de Jair Bolsonaro (PL), Flávio foi um dos opositores que surfou na versão sobre taxação do Pix. “E o Taxad ainda conseguiu uma forma inédita de gerar inflação. Ao ameaçar cobrar imposto de quem não pagava ao usar o Pix, parece meio óbvio que o preço vai aumentar para se manter a margem de lucro”, escreveu o senador em seu perfil no X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 15.

Esse pessoal que comprou mais de 100 imóveis com dinheiro de rachadinha não pode ficar indignado com o trabalho sério que a Receita está fazendo. Então o Flávio Bolsonaro, em vez de criticar o governo, deveria se explicar como é que ele, sem nunca ter trabalhado, angariou um patrimônio espetacular”, rebateu Fernando Haddad.

Quem combateu esse tipo de crime foi a Receita Federal“, concluiu o ministro.

Em 2018, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou transações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na época em que ele era deputado estadual. A suspeita era que se tratava de rachadinha — quando assessores de gabinetes de políticos sacam parte dos salários que recebem do poder público e entregam ao chefe. Em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou ilegais as provas obtidas na investigação.

“Nós precisamos de instrumentos para combater o crime organizado. Então nós vamos dialogar para chegar a um denominador comum. Queremos combater o crime organizado? Queremos combater o tráfico? Queremos combater os crimes cibernéticos? Nós precisamos de informação”, afirmou o chefe da equipe econômica.

Haddad disse que a revogação do ato da Receita Federal é para não contaminar a discussão da medida provisória. “O estrago causado está feito por esses inescrupulosos, inclusive senador da República e deputado federal, agindo contra o Estado brasileiro, agindo contra o Estado”, declarou o ministro.