Ele já chegou à trama de “Vale Tudo” gerando curiosidade mostrando que, mesmo poderosa e “durona”, Odete Roitman também tem os seus fetiches e é capaz de sucumbir aos prazeres do sexo. Nesta semana, logo após a chegada da temida dona da companhia aérea Transcapital Aerolinhas (TCA) ao remake de Manuela Dias exibido em horário nobre da Globo, foi a vez de Martin, seu namorado, entrar em cena.
O charmoso e conquistador personagem ganhou vida através de Ângelo Rodrigues, ator português de 37 anos de idade que fez sua estreia no Brasil em 2015 e agora volta às nossas produções encarando o desafio de estrelar a releitura do estrondoso sucesso de 1988 e que está causando grande expectativa no público noveleiro da atualidade.
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A passagem por terras brasileiras foi rápida e o artista já encerrou as gravações na novela. De volta à capital de seu país, Lisboa, ele está em temporada com nova peça desde o começo de abril. Mas, quem é Ângelo Rodrigues? IstoÉ Gente conversou com o artista para conhecer um pouco da sua trajetória e descobrir o que ele espera desse novo trabalho no Brasil.
“Vale Tudo” é o primeiro folhetim Ângelo Rodrigues no Brasil. O português participou em 2015 de um dos episódios da série “As Canalhas”, no GNT, em 2018 fez “Des(encontros)”, da Sony, mas foi em 2023 que ganhou projeção no Brasil ao participar da série brasileira “Olhar indiscreto”, que ficou entre mais vistas da Netflix pelo mundo na época.
“É um privilégio integrar um projeto que faz parte da teletramaturgia brasileira. Estar no remake de ‘Vale Tudo’ tem um peso especial, não só pela responsabilidade de honrar esse legado, mas também pelo simbolismo pessoal. É a minha primeira novela no Brasil, num horário tão emblemático. Sei que vou carregar essa experiência comigo para sempre. De certa forma, o meu coração já estava no Rio antes mesmo de eu embarcar”, comemora o artista ao estrear em novelas brasileiras.
Questionado sobre a expectativa em torno da novela e da icônica vilã, agora vivida por Debora Bloch, 61 anos, Ângelo conta que, antes de encarar o desafio de participar do folhetim, buscou conhecer e entender o que “Vale Tudo” representa para o público.
“Assim que recebi o convite, mergulhei no universo da novela e rapidamente percebi a dimensão que a personagem Odete Roitman tem no imaginário coletivo. Senti essa expectativa crescer, ainda mais com a divulgação das primeiras imagens. E é um fenômeno cultural, e estar ligado a isso é, no mínimo, emocionante. Respeito muito o lugar que essa história ocupa no coração dos brasileiros”, contou ele.
“Trabalhar com a equipe da Globo e com atores, atrizes tão talentosos como Débora Bloch foi um presente”, completou.
A ligação que une o improvável casal é motivo de curiosidade, tanto pela diferença etária, quanto (e principalmente!) pelo poder que a vilã exerce em suas relações pessoais, familiares e na empresa que ela comanda. O artista defende seu personagem avaliando que há entre eles uma troca justa e ponderada, sem posição de subserviência diante da ricaça.
“Martin e Odete têm uma relação muito justa. Desde Paris, eles vivem um acordo tácito. Ele proporciona prazer e companhia a ela e, em troca, ela lhe oferece experiências que, sozinho, ele não poderia pagar. Não existe manipulação nem mentiras, é uma relação saudável dentro daquilo que ambos desejam. É hedonismo com transparência entre os personagens”, observa ele.
Transferir-se do cenário português para o brasileiro pode parecer fácil para um ator devido à facilidade da língua, mas o ator garante que as diferenças culturais e mesmo do idioma, incluindo aquelas mais sutis, podem causar grandes mal-entendidos. Para sorte dele, por quanto, essa confusão tem sido motivo de riso.
“Atuar no Brasil foi uma experiência de redescoberta. Embora a língua seja a mesma, o idioma seja o mesmo, existem diferenças sutis na maneira de interpretar e no ritmo de gravação. Além disso, eu não lembrava que o Projac ficava tão longe da zona sul do Rio, onde eu estava hospedado. Lembro de estar no Uber, passado uma hora de viagem, perguntar ao motorista se ainda estávamos no mesmo estado e se, porventura, ele não se tinha enganado. Mas, brincadeiras à parte, foi uma experiência intensa e, ao mesmo tempo, me senti muito acolhido”, disse ele ao relembrar uma situação inusitada vivida em terras brazucas.
Teatro, cinema e televisão
Com 37 anos de idade e mais de 20 de carreira, o artista estreou profissionalmente na novela portuguesa “Doce Fugitiva” (TVI) e seguiu colecionando trabalhos na TV e cinema em seu país. Desde o último dia 9 de abril, o ator pode ser visto nos palcos de Lisboa na peça “Jantar de Idiotas”.
Ainda para 2025, o artista aguarda duas estreias: “Mar Branco”, primeira série da Netflix portuguesa de grande sucesso que tem ainda Paolla Oliveira e Caio Blat no elenco; e o filme “Cherchez La Femme”, do qual é o protagonista, cujo diretor António da Cunha Telles faleceu durante a edição.
Além de ator, Ângelo Rodrigues é documentarista e tem três projetos que vão entrar em festivais: “Iron train”, filmado na Mauritânia (país situado no noroeste da África) que revela a luta diária de dois vendedores de peixe que atravessam o Saara para garantir seu sustento; “Born blind – a escolha de Alá”, que mostra a rotina de uma vila na Mauritânia em que metade das crianças nasce cega e a razão permanece desconhecida; e “Heresia da separatividade” que acompanha a vida do ator português que se reclusa pela Ásia, onde ensina teatro pros monges budistas e trabalha com cuidadores num santuário de elefantes no Camboja e visita uma mulher-girafa na Tailândia.
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