O apoio militar dos Estados Unidos à Ucrânia envia uma mensagem clara de dissuasão à China, argumentou o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, neste domingo (28), no início de uma visita a Washington para pressionar o Congresso a continuar financiando a guerra com a Rússia.

Depois que os Estados Unidos enviaram bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia desde a invasão russa há quase dois anos, vários legisladores republicanos têm sido relutantes em continuar apoiando Kiev, questionando a eficácia dessa assistência.

O presidente Joe Biden pediu ao Congresso que aprove outro pacote de US$ 61 bilhões (R$ 299,8 bilhões) em assistência à Ucrânia. Em troca, os republicanos exigem modificações significativas na política de imigração e controle na fronteira com o México, furiosos com os níveis recorde de entrada de imigrantes sem documentos.

Stoltenberg planeja defender esta semana em Washington a continuidade da ajuda à Ucrânia.

“O que importa é que a Ucrânia receba apoio contínuo, porque devemos perceber que isso está sendo observado de perto em Pequim”, disse o secretário-geral da Otan na emissora Fox News.

Analistas locais alegam que a China, que reivindica a ilha autônoma de Taiwan como parte de seu território e não descartou o uso da força para assumir o controle, está observando se o forte apoio ocidental à Ucrânia está enfraquecendo.

Se Kiev for abandonada pelos Estados Unidos e seus aliados, a China pode ser tentada a empreender ações militares para assumir o controle de Taiwan, afirmam.

“Não estamos apenas tornando a Europa mais vulnerável, mas também os Estados Unidos se [o presidente russo Vladimir] Putin conseguir o que quer na Ucrânia”, acrescentou Stoltenberg.

A ajuda à Ucrânia, disse, é apenas uma fração do orçamento do Pentágono, mas tem permitido “destruir e degradar substancialmente o Exército russo”.

“Devemos continuar”, defendeu, e além disso, essa assistência é benéfica para os trabalhadores americanos, “porque o dinheiro investido é usado para comprar armas fabricadas nos Estados Unidos”.

Stoltenberg se reunirá na segunda-feira com o secretário de Estado Antony Blinken, o secretário de Defesa Lloyd Austin, e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Na terça, tem previsto encontros com legisladores republicanos e democratas envolvidos no debate sobre o tema.

O ex-presidente Donald Trump, quase certo como candidato republicano para as eleições de novembro, que várias vezes expressou apreço por Putin, instou os congressistas de seu partido a rejeitarem o acordo de imigração em negociação, o que também prejudicaria a ajuda à Ucrânia.

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