O assassinato do professor Samuel Paty, decapitado por um islamista radicalizado, chega nesta segunda-feira (27) a um tribunal na França, três anos depois deste drama que chocou o mundo, com o julgamento de seis adolescentes.

Em 16 de outubro de 2020, Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena, esfaqueou e decapitou o professor de 47 anos perto da sua escola de ensino médio em Conflants-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris.

Este jovem de 18 anos, que foi morto a tiros pela polícia pouco depois, repreendeu-o por ter mostrado caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão e, em uma mensagem áudio, reivindicou a responsabilidade pela sua ação para “vingar o profeta”.

Em maio, dois juízes de instrução ordenaram que 14 pessoas fossem julgadas por estes fatos: seis adolescentes perante um tribunal de menores e oito adultos, que serão julgados no final de 2024.

Cinco dos adolescentes, que tinham entre 14 e 15 anos quando os fatos ocorreram, são acusados de terem vigiado o centro e de terem dito ao agressor quem era o professor, em troca de dinheiro.

A sexta adolescente, de 13 anos, está sendo julgada por acusações caluniosas, ao alegar que Paty pediu aos estudantes muçulmanos que saíssem da aula antes de exibir os desenhos animados. Ela não frequentou o curso.

Esta estudante contou ao pai, Brahim Chnina, que, juntamente com o ativista islâmico Abdelhakim Sefrioui, publicou vídeos nas redes sociais que aumentaram a polêmica e colocaram o foco no professor.

“O papel dos menores é crucial na espiral que levou ao assassinato” do professor, disse Virginie Le Roy, que representa os pais e uma das irmãs de Samuel Paty.

Os seis adolescentes enfrentam penas de até 2 anos e meio de prisão neste julgamento que decorrerá a portas fechadas até 8 de dezembro.

A dor desta tragédia ressurgiu no dia 13 de outubro, quando outro professor, Dominique Bernard, foi assassinado em Arras (norte) por um jovem islâmico radicalizado de 20 anos de origem russa, que foi preso.

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