O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes apontou em seu despacho que o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) teve uma “conduta ilícita e gravíssima” durante os bloqueios realizados pela corporação em estradas da região Nordeste no segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2022.

Resumo:

  • Silvinei Vasques foi preso na manhã desta quarta-feira, 9, pela Polícia Federal;
  • Isso ocorreu após autorização do ministro Alexandre de Moraes;
  • Moraes observou forte indícios materiais de que Vasques teria cometido crimes.

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“A conduta do investigado, narrada pela Polícia Federal, revela-se ilícita e gravíssima pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitoral, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores”, ressaltou o ministro na decisão que autorizou a prisão de Silvinei, à qual a ISTOÉ teve acesso.

Moraes ainda aceitou os argumentos da Polícia Federal de que a prisão preventiva de Vasques seria essencial para a continuidade das investigações. A corporação ainda destacou que outros dois servidores da PRF, que ocupavam cargos de direção, teriam mentido em seus depoimentos por terem medo de Vasques.

“Naralúcia Leite Dias (então Chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF) e Adiel Pereira Alcântara (então Coordenador de Análise de Inteligência da PRF) faltaram (e/ou omitiram) a verdade e, mesmo com todos os fatos subsequentes que foram a público, e obviamente sabendo que a análise do conteúdo de seus celulares os desmentiria, podendo procurar a Polícia Federal para se retratar ou colaborar com as investigações (ainda na possível condição de testemunhas), optaram por não fazê-lo, preferindo suportar eventuais ações adversas a relatar as determinações ilegais de Silvinei Vasques”, afirmou Moraes.

O ministro destacou em sua decisão que observou forte indícios materiais dos crimes de prevaricação (quando o agente público omite ou atua em benefício próprio), restringir, impedir ou dificultar o exercício de direitos políticos, impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio (crime eleitoral) e abuso de autoridade.

Provas em celulares

Durante as investigações, a PF encontrou provas em celulares de policiais rodoviários federais de que teria ocorrido um mapeamento das cidades do Nordeste onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve mais de 75% dos votos no primeiro turno da eleição. Por conta disso, teria sido criada uma cúpula da PRF, na qual Vasques supostamente determinou um policiamento direcionado no segundo turno para essas regiões.

Há suspeita de que, nesse encontro, o ex-diretor-geral da PRF teria passado informações para a sua equipe indicando que a instituição era defendida por Bolsonaro e, por causa disso, tinha de ficar ao lado dele.