Alemanha vai às urnas sob ameaça de explosão da extrema direita

O chanceler alemão Olaf Scholz (SPD) e o principal líder da oposição, Friedrich Merz (CDU) antes do debate televisivo de 19 de fevereiro.
O chanceler alemão Olaf Scholz (SPD) e o principal líder da oposição, Friedrich Merz (CDU) antes do debate televisivo de 19 de fevereiro. Foto: Fabrizio Bensch - Reuters

A Alemanha vai às urnas neste domingo (23) para eleições legislativas antecipadas que podem marcar o melhor resultado da extrema direita no país desde o regime nazista.

O pleito foi convocado após a queda do chanceler de centro-esquerda Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), que tenta a reeleição, mas aparece em terceiro lugar nas pesquisas, com apenas 15% das intenções de voto, 10 pontos a menos que no pleito de 2021.

A legenda de centro-direita União Democrata Cristã (CDU), liderada por Friedrich Merz, lidera as sondagens com cerca de 30%, seguida pela sigla ultranacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), com pouco mais de 20% e que vem sendo impulsionada pelo bilionário americano Elon Musk.

A AfD obteve 10% dos votos nas últimas eleições e pode dobrar sua bancada no Parlamento, embora todos os outros partidos prometam manter o “cordão sanitário” para excluir a legenda de extrema direita de um futuro governo.

O partido ganhou força na esteira da chegada em massa de imigrantes e refugiados à Alemanha desde meados da década passada e vem tentando explorar os recentes atentados cometidos por estrangeiros no país, como o atropelamento cometido por um saudita e que matou cinco pessoas em Magdeburg em dezembro passado.

O cenário desenhado pelas pesquisas, no entanto, indica um Parlamento dividido: embora lidere, a CDU não deve alcançar maioria e precisará buscar alianças para levar Merz ao cargo de chanceler, provavelmente com o SPD, que ainda pode não ser suficiente.

Os Verdes, de Robert Habeck e integrantes do governo Scholz, aparecem em quarto lugar, com cerca de 12%, enquanto o partido A Esquerda é o quinto, com 7,5%. Já o Partido Democrático Liberal (FDP), que provocou as eleições antecipadas ao romper com Scholz, luta para ultrapassar a cláusula de barreira de 5% para entrar no Parlamento.

“Eu não acredito em milagres, mas sim na vitória”, garantiu o impopular chanceler de centro-esquerda. Favorito à vitória, Merz, por sua vez, prometeu que a Alemanha terá uma “voz forte na União Europeia”, diante das ameaças representadas por China, Rússia e até pelos Estados Unidos.

“Devemos estar na mesa principal e afirmar nossos interesses”, assegurou.