Nas últimas décadas, duas tecnologias adotadas pela indústria automobilística ajudaram a reduzir o número de vítimas no trânsito: o cinto de segurança e o air bag. Mas a situação ainda é grave. Em todo o mundo, 1,2 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito anualmente.

No Brasil, são 40 mil mortes a cada ano, o que representa uma vítima fatal a cada 15 minutos. Agora, a indústria anuncia a criação de um dispositivo que une a tecnologia do cinto de segurança à do air bag, exclusivamente para os passageiros sentados no banco traseiro. Lançado na semana passada, nos EUA, o produto promete uma proteção cinco vezes maior do que a oferecida por um cinto de segurança tradicional.

A nova tecnologia distribui de forma mais eficiente o impacto de uma batida, reduzindo os riscos de lesões na cabeça, no pescoço e tórax.

Numa colisão, sensores analisam a gravidade do choque e avaliam se o sistema deve ser acionado. Em caso afirmativo, tubos localizados debaixo do banco traseiro liberam o gás que infla o cinto. Todo o processo acontece em 40 milissegundos, o mesmo que um piscar de olhos. André Horta, do Centro de Experimentação e Segurança Viária, aprova o produto, mas sugere cautela.

“Toda ideia a favor da segurança merece nossa simpatia. Mas, como em todo novo sistema, é preciso analisar se os resultados apresentados serão melhores do que os obtidos com a tecnologia atual.”

Os engenheiros esperam que o novo cinto incentive os passageiros a usá-lo no banco traseiro. Segundo o órgão responsável pela administração da segurança viária dos EUA, 40% dos americanos dispensam o cinto quando sentados na parte de trás dos veículos.

Por aqui, os índices são ainda piores. “No Brasil, cerca de 90% das pessoas não utilizam o cinto traseiro. Numa colisão, passageiros nessas condições podem ser projetados para a parte da frente do veículo, o que também coloca em risco a vida de quem está na parte dianteira”, diz Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor do departamento de medicina ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.

Fabricado pela Ford, pioneira na introdução do cinto de segurança tradicional em 1955, o cinto inflável estará disponível no mercado americano na nova geração do modelo Explorer, que começará a ser produzido a partir do ano que vem. Embora o utilitário não seja comercializado no Brasil, a nova tecnologia estará acessível aos consumidores brasileiros. Em breve, a montadora pretende oferecer o item de segurança em escala global e em diferentes modelos.

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