Último dia do Lollapalooza é marcado por protestos contra o governo Bolsonaro

'Orgulho de ser uma das primeiras artistas a declarar voto no Lula', diz Pabllo Vittar Foto: Reprodução

A imagem da cantora Pabllo Vittar segurando uma bandeira do Partido dos Trabalhadores teria sido uma nota de rodapé no apanhado de notícias sobre a versão brasileira do festival internacional Lollapalooza. Porém, com a decisão do TSE, que acatou o pedido do Partido Liberal (PL) contra manifestações políticas no evento, o gesto de Pabllo se tornou símbolo da edição deste ano. Com a repercussão, no último dia, se pronunciar sobre a questão virou uma obrigação. Ficar em silêncio parecia fora do tom.

Mesmo com chuva, longas filas, atrasos e o cancelamento da atração principal, o Lollapalooza encerrou o ano de 2022 com saldo positivo. Quase sem querer, o festival conhecido por atrair a juventude descolada que pode pagar pelos altos ingressos, se consolidou como um representante da volta da música aos grandes palcos e também como um ato de resistência contra a censura.

Sem Foo Fighters e o baterista Taylor Hawkins, encontrado morto na Colômbia dois dias antes de se apresentar no Brasil, o Lollapalooza chamou Emicida e Planet Hemp, que convidaram diversos artistas brasileiros de renome para homenagear Hawkings e celebrar a liberdade de expressão no País. A presença de Planet Hemp, uma das bandas que mais sofreu as consequências de censura prévia no pós-ditadura, foi emblemática.

A banda de Marcelo D2 convidou o rapper Criolo e viu as músicas ‘Dig Dig Dig’ e ‘Queimando tudo’ se tornarem hinos da noite. Já Emicida, que já tinha se apresentado no sábado, juntou Mano Brown, Djonga, Bivolt e Drik Barbosa para rimarem em nome da democracia.

A desobediência civil, contudo, começou com o protesto da banda Fresno. Conhecidos pelo emocore, os integrantes mostraram que têm uma coragem imensa para realizar um bom protesto contra Bolsonaro.

Isso porque o show aconteceu antes que fossem reveladas as trapalhadas do processo. O partido do presidente listou empresas erradas e o oficial de justiça, que foi pessoalmente ao Lollapalooza entregar o documento, não conseguiu notificar o festival sobre a decisão do TSE. O CNPJ não era o mesmo.

Ou seja, a banda gaúcha, com Lulu Santos como convidado, deu a cara a tapa. Artistas como Felipe Neto e Anitta já haviam se pronunciado dizendo que ajudariam financeiramente os músicos que fossem, por ventura, multados pelo tribunal eleitoral. Parece que o partido do governo não calculou o que poderia dar errado e isso fez toda a diferença. Se a decisão do TSE não for revogada, as multas podem até vir, mas o “estrago” já está feito.