Os 27 países membros da União Europeia (UE) lançaram, nesta sexta-feira (6), com cautela, o debate sobre a expansão do bloco, que voltou ao centro das atenções com a guerra na Ucrânia.

“Que tipo de expansão está em jogo (…), uma expansão gradual ou uma expansão total, todos no mesmo ritmo?”, questionou o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, durante a cúpula dos 27 países do bloco realizada na quinta e sexta-feira em Granada, no sul da Espanha.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu “avançar muito mais rapidamente” sobre esse tema, embora sem estabelecer um calendário específico. “Quero delinear um objetivo ambicioso e preciso”, mas ainda “é cedo demais”, admitiu.

A questão da expansão será o foco da cúpula da UE no meio de dezembro em Bruxelas.

A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) deve apresentar no início de novembro suas recomendações sobre a abertura de negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, que obtiveram o status de candidatos em junho de 2022. Cinco países dos Bálcãs Ocidentais também são candidatos.

“Estamos enfrentando uma transformação real (…) em nossa visão geopolítica da Europa”, afirmou Macron.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que o debate sobre a expansão deveria ser uma oportunidade para refletir sobre a distribuição do financiamento europeu para além da Política Agrícola Comum (PAC) ou dos fundos de coesão.

“Do meu ponto de vista, seria importante redistribuir um pouco” para áreas como inovação, inteligência artificial e conectividade, enfatizou. O debate “certamente será difícil, mas eu sou a favor da modernização”, acrescentou.

– “Parar de adiar as coisas” –

“Hoje começamos um debate político e uma das questões levantadas está relacionada com as prioridades políticas da UE para o futuro”, resumiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na coletiva de imprensa de encerramento da cúpula de Granada.

“A financiamento é uma questão central”, acrescentou.

A adesão da Ucrânia à UE, uma potência agrícola, poderia significar que muitos países que atualmente são beneficiários líquidos do orçamento europeu passariam a ser contribuintes líquidos.

Michel, que em agosto afirmou que a UE poderia estar pronta para integrar novos membros em 2030, limitou-se agora a indicar que o essencial era impulsionar o debate.

“Alguns chefes de Estado expressaram reservas sobre a fixação de uma data. Outros a apoiaram. O importante é parar de adiar as coisas no contexto atual da invasão russa na Ucrânia”, explicou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou em setembro que a UE não deveria “esperar para modificar os tratados” para avançar na expansão e pediu uma adaptação mais rápida do bloco.

De acordo com um relatório de especialistas franceses e alemães encomendado por França e Alemanha e divulgado há três semanas, a UE terá que se reformar profundamente antes do final desta década para evitar uma paralisia.

“Por razões geopolíticas, a expansão da UE ocupa um lugar de destaque na lista de prioridades, mas a UE ainda não está preparada para acolher novos membros, nem do ponto de vista institucional, nem do ponto de vista político”, consideraram os especialistas.

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