Ucrânia sofre bombardeio russo sem precedentes depois que Trump criticou Putin

A Rússia lançou, durante a noite, um bombardeio recorde com drones contra a Ucrânia, informaram as autoridades ucranianas nesta segunda-feira (26), depois que Donald Trump chamou Vladimir Putin de “louco” e alertou que Moscou pode enfrentar mais sanções se continuar com os ataques.

Desde seu retorno à Casa Branca, o presidente americano tenta mediar uma maneira de acabar com o conflito, mas não conseguiu obter concessões significativas do Kremlin, apesar de várias reuniões de alto nível com a Rússia.

Por três noites consecutivas, a Rússia bombardeou a Ucrânia com ataques de drones em larga escala, uma estratégia que sobrecarregou as defesas aéreas e deixou pelo menos 13 mortos no domingo, informaram as autoridades ucranianas.

Trump, que raramente critica Putin, emitiu uma advertência severa no domingo.

“Sempre tive uma boa relação com Vladimir Putin, mas algo aconteceu com ele. Ele ficou completamente louco”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

“Eu sempre disse que ele quer toda a Ucrânia, não apenas um pedaço, mas se ele tentar, levará à queda da Rússia”, acrescentou.

O Kremlin minimizou as críticas nesta segunda-feira e argumentou que Putin “está fazendo o que é necessário para garantir a segurança da Rússia” e que os bombardeios são uma “retaliação” aos ataques de drones ucranianos contra o território russo.

“Este é um momento crítico, repleto de tensão emocional para todos, assim como de reações emocionais”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos repórteres.

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que espera que a irritação do líder americano, que segundo ele percebeu que Putin havia “mentido” para ele, “se traduza em ações”.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciou que “não há mais limites para o alcance” das armas entregues à Ucrânia pelos principais aliados ocidentais – Reino Unido, França, Estados Unidos e Alemanha.

Isso significa que Kiev poderá atacar “posições militares na Rússia”, acrescentou.

A Rússia reagiu chamando o anúncio de “muito perigoso”.

-“Impunidade”-

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que os ataques mostram que a Rússia sente que pode agir com “impunidade”.

“A intensificação dos ataques russos deve ser enfrentada com mais sanções”, insistiu o presidente nas redes sociais.

Jornalistas da AFP em Kiev relataram ter ouvido fortes explosões das defesas aéreas na madrugada desta segunda-feira.

A Rússia lançou 355 drones contra a Ucrânia durante a noite, informou a Força Aérea ucraniana nesta segunda-feira.

O porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ignat, confirmou à AFP que este foi o maior ataque de drones desde que Moscou iniciou a invasão em larga escala em fevereiro de 2022.

A invasão russa da Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, deixou dezenas de milhares de mortos, devastou cidades inteiras e constitui a maior crise nas relações entre a Rússia e as potências ocidentais desde a Guerra Fria.

As autoridades ucranianas não relataram mortes na última onda de ataques, mas disseram que os bombardeios das últimas 24 horas deixaram um civil morto na região de Sumy, na fronteira com a Rússia.

A Rússia reivindicou nesta segunda-feira o controle de duas localidades em Sumy, onde suas tropas estão na ofensiva há semanas.

– Fortes explosões –

Os esforços diplomáticos para encerrar mais de três anos de conflito se intensificaram nas últimas semanas. Autoridades de alto escalão russas e ucranianas realizaram seu primeiro encontro direto entre os dois lados em 16 de maio desde os primeiros meses da guerra.

Também concordaram com a maior troca de prisioneiros desde o início do conflito, uma troca que beneficiou 1.000 pessoas de cada lado.

O chanceler russo, Sergey Lavrov, disse na sexta-feira que Moscou está redigindo um documento com “as condições para um acordo duradouro, abrangente e de longo prazo para a resolução” do conflito.

A Rússia rejeitou, no entanto, a proposta de cessar-fogo de 30 dias apresentada pela Ucrânia e seus aliados ocidentais e prossegue com sua ofensiva nas linhas de frente.

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