O juiz que comanda o julgamento criminal do ex-presidente Donald Trump pretende concluir, nesta sexta-feira (19), a seleção dos seis suplentes que complementarão o júri que definirá o destino do empresário republicano, que tem a ambição de retornar à Casa Branca nas eleições de novembro.

Após o juramento dos 12 integrantes do júri na quinta-feira, o juiz Juan Merchan espera completar o grupo de seis suplentes que poderão substituir os titulares em caso de algum problema durante o processo em que Trump é acusado de ocultar o dinheiro pago a uma ex-atriz pornô para comprar seu silêncio.

Um grupo de 22 candidatos retorna nesta sexta-feira ao tribunal para responder a perguntas sobre sua profissão, local de trabalho, jornais que leem e redes sociais que utilizam, que tanto a defesa como a Promotoria analisam com lupa para determinar suas inclinações políticas.

Merchan, de origem colombiana, espera iniciar na segunda-feira a apresentação dos argumentos da acusação e da defesa em uma das várias frentes jurídicas que aguardam Trump, que em plena campanha eleitoral se considera vítima de uma “caça às bruxas” orquestrada pelos democratas para impedir sua meta de retornar à presidência dos Estados Unidos.

Em um processo que segue muito mais rápido que o esperado, no entanto, não está descartada a rejeição de alguns dos membros do júri escolhido, como já aconteceu na quinta-feira com dois dos sete que haviam sido selecionados e juramentados na terça-feira.

Uma das pessoas selecionadas em um primeiro momento foi descartada por temer o vazamento de sua identidade, enquanto outra foi rejeitada pelas dúvidas sobre as respostas que apresentou durante o interrogatório.

Para proteger o anonimato dos nova-iorquinos selecionados por sorteio para prestar serviço como jurados, Merchan pediu aos jornalistas que parem de divulgar as descrições físicas dos integrantes do júri e que não revelem onde trabalham.

O julgamento na Suprema Corte de Manhattan deve durar seis semanas, período em que devem falar diversas testemunhas, como o ex-advogado e ex-braço direito do empresário Michael Cohen, que pagou os 130 mil dólares (pouco mais de R$ 690 mil na cotação atual) à ex-atriz Stormy Daniels, que foram reembolsados por Donald Trump e declarados como gastos legais de sua empresa.

– “Farsa” –

O empresário de 77 anos, que se declarou inocente das acusações da Promotoria de Manhattan, lamentou novamente na quinta-feira a exigência de estar em um “julgamento muito injusto”, ao invés de prosseguir com sua campanha.

“O mundo inteiro está vendo esta farsa”, disse, voltando a utilizar o caso para seus ataques eleitorais contra o presidente Joe Biden, a imigração e o sistema judicial.

O republicano enfrenta outros três processos criminais, incluindo acusações muito mais graves de tentativa de anular a derrota eleitoral em 2020 para Biden, mas que foram repetidamente adiados, o que torna improvável que aconteçam antes das eleições.

Se for declarado culpado, Trump pode receber uma pena de prisão, mas o mais provável é que receba uma multa. O veredito do júri precisa ser unânime.

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