O recuo além do esperado do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), de 2,0% em maio, na margem, reforça a visão de que os dados mais positivos de atividade que foram registrados no primeiro trimestre tendem a ficar restritos ao período. A avaliação é do economista do Santander Brasil Gabriel Couto.

Ele pondera que as revisões na série do indicador do BC também ajudam a justificar a surpresa, mas que, de maneira geral, os demais indicadores têm consolidado uma tendência de desaceleração da atividade. “Vemos uma diferenciação entre atividades mais relacionadas a bens e a serviços na margem. Ainda temos resultado do setor de serviços acima do esperado, mas, por outro lado, os setores mais relacionados a bens mostram uma fraqueza maior”, acrescenta.

A normalização do setor agropecuário, segundo o economista, também pode ter contribuído para a queda maior do que a prevista do IBC-Br em maio, ainda que o BC não divulgue as aberturas. “Quando olhamos a sazonalidade do PIB agrícola, maio é o primeiro mês em que a soja não tem um impacto tão forte”, diz. “Vimos uma variação grande do agro no começo do ano e agora temos uma normalização. Ainda tem a safrinha de milho para entrar, mas a tendência é não vermos novamente um impacto como o visto no primeiro trimestre.”

O tracking de alta frequência do Santander Brasil para o PIB do segundo trimestre, de 0,1% antes da divulgação, ainda está sendo revisado. Couto acredita que ele deve ser puxado para baixo. “A tendência é de variações na vizinhança de zero. A perspectiva de um PIB estagnado no período está se consolidando cada vez mais.”

Para o ano, o banco projeta alta de 1,9% para o PIB.