Conhecido pelo estilo polêmico, o ex-deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta, tem brigado na Justiça Eleitoral para manter sua candidatura ao Senado pelo Paraná. Filiado ao Pros, o político tem divulgado um número ligado ao partido Agir 36.

No entanto, a legenda alega que ele não é candidato. “Ele não passou na convenção, não conseguiu se filiar ao partido. Esse número que ele colocou é falso, a candidatura dele nunca existiu”, disse à ISTOÉ Alexandre Discioli, presidente estadual do Agir no Paraná.

Sem o apoio do partido, Boca Aberta, que recentemente foi assunto por uma briga com Arthur do Val, chegou a apresentar ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) um requerimento de registro de candidatura individual (RRCI), que foi negado nesta terça-feira (6), pela desembargadora Claudia Cristina Cristofani.

Na decisão, a relatora do caso destacou que o RRCI só é válido “quando o partido político, a federação ou a coligação não requerer o registro de candidatura de pessoas escolhidas em convenção”.

De acordo com a desembargadora, no caso de Boca Aberta, ele “sequer foi escolhido em convenção partidária pelo Agir para concorrer ao cargo de senador, conforme se verifica na ata da convenção estadual” do partido.

Procurado pela ISTOÉ, Boca Aberta informou que vai recorrer da decisão. “Vamos entrar com embargos contra a decisão dela. Se ela julgar negativo, mas esperamos que não, vamos encaminhar a decisão para o plenário do TRE-PR e faremos a sustentação oral. Se o entendimento deles for diferente do nosso, aí vamos para o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”, disse o ex-deputado.

“Ainda há um longo caminho a percorrer e vamos até a última instância, até o último recurso para manter nossa candidatura de pé”, ressaltou.

Enquanto o caso é analisado pela Justiça Eleitoral, o ex-parlamentar tem feito campanha ativamente ao lado da esposa, Mara Boca Aberta (Pros/PR), e do filho Boca Aberta Jr (Pros/PR).

O Agir 36 chegou a entrar com um pedido para que ele e os familiares tirassem as menções ao número do partido das propagandas. No entanto, a juíza auxiliar Melissa de Azevedo Olivas não acatou o pedido.

Mandato cassado em 2021

No ano passado, Boca Aberta teve o diploma de deputado federal cassado pelo TSE. Para os ministros, Emerson Petriv não deveria ter concorrido nas eleições de 2018 por ter tido o mandato de vereador cassado pela Câmara Municipal de Londrina (PR), por quebra de decoro parlamentar, em 2017.

No pleito de 2018, Boca Aberta teve a candidatura registrada por força de liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do estado, que suspendeu os efeitos do decreto legislativo que cassou o mandato dele na Câmara e o tornou inelegível por oito anos. Assim, ele conseguiu se eleger deputado federal.

Porém, ao analisar o caso em agosto de 2021, os ministros do TSE entenderam que  a liminar que suspendeu os efeitos do decreto legislativo já estava comprovadamente revogada antes da data da eleição daquele ano.