Depois de elegerem o novo líder do partido, os socialistas portugueses iniciaram neste domingo (17) a corrida rumo às eleições de março, convocadas após a renúncia do primeiro-ministro António Costa, em meio a um escândalo de corrupção.

“Minha responsabilidade é apresentar um projeto ambicioso e reformista”, declarou Pedro Nuno Santos, que obteve 62% dos votos no sábado (16).

“Mas ainda há muito a fazer”, sobretudo, em termos de habitação, emprego jovem e saúde, reconheceu em seu discurso, no qual fez um apelo à “unidade” dentro do partido, frente às próximas eleições legislativas.

O novo líder socialista, ex-ministro de Infraestruturas, pretende se reunir com António Costa, que em 7 de novembro renunciou ao cargo de primeiro-ministro e de secretário-geral do partido após um escândalo de corrupção.

Nuno Santos foi secretário de Estado de Assuntos Parlamentares e ocupou vários cargos de responsabilidade no governo de Costa, que liderava o país desde 2015.

– Polêmicas –

Em 2015, o socialista de 46 anos desempenhou um papel-chave junto aos partidos de extrema esquerda, o que permitiu a chegada dos socialistas ao poder.

Este acordo “foi sólido” e “funcionou bem”, opinou Nuno Santos no sábado. O político não fechou as portas a novas discussões com estes movimentos após as eleições de 10 de março.

Mas a carreira do novo líder tem sido marcada por inúmeras polêmicas.

Há um ano, foi forçado a renunciar ao cargo de ministro dos Transportes após um escândalo provocado pelo pagamento de uma indenização de 500 mil euros (R$ 2,6 bilhões na cotação atual) a um dirigente da TAP Air Portugal.

“Aprendemos” com estes casos, justificou ele no sábado, ao ser questionado sobre o episódio.

O atual ministro da Interior, José Luis Carneiro, adversário de Nuno Santos nas eleições internas, afirmou estar disponível para cooperar com a nova liderança.

“A partir de hoje, somos todos socialistas”, disse Carneiro, da ala centrista do partido e que obteve cerca de 36% dos votos.

Portugal entrou em uma crise política após a inesperada demissão de Costa pelo caso de corrução que envolve suspeitas de “peculato, corrupção ativa e passiva de titulares de cargos políticos e tráfico de influência”. O ex-premiê nega as acusações e insiste em que sempre agiu dentro da lei. O caso será investigado pelo Ministério Público.

Segundo pesquisas, as eleições são disputadas atualmente entre o partido socialista e o principal partido da oposição, Social-Democrata (PSD, centro-direita). É provável, no entanto, que a direita ganhe mais deputados do que a esquerda. Já o partido de extrema direita Chega poderá fazer mais um avanço eleitoral, conforme as sondagens.

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