O papa Francisco disse neste domingo (23) ter ficado “triste com a retomada dos pesados bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, com muitos mortos e feridos”.
“Peço que as armas sejam silenciadas imediatamente; e que tenhamos a coragem de retomar o diálogo, para que todos os reféns sejam libertados e um cessar-fogo definitivo seja alcançado”, afirmou ele na oração dominical do Angelus, divulgada em texto escrito por causa da internação do argentino.
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Segundo o Pontífice, “na Faixa de Gaza, a situação humanitária é mais uma vez extremamente grave e exige o compromisso urgente das partes em conflito e da comunidade internacional”.
Além disso, Jorge Bergoglio disse estar satisfeito que “a Armênia e o Azerbaijão tenham concordado com o texto final do Acordo de Paz”. “Espero que ele seja assinado o mais breve possível e possa, assim, contribuir para o estabelecimento de uma paz duradoura no Cáucaso Meridional”, concluiu. Por fim, voltou a implorar pelo fim das guerras e pela paz, especialmente na atormentada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Myanmar, no Sudão e na República Democrática do Congo”.
“Que a Virgem Maria nos proteja e continue nos acompanhando no caminho rumo à Páscoa”, finalizou.
O ataque
Um ataque aéreo israelense em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, neste domingo (23), matou um importante membro do gabinete político do Hamas e pelo menos outros 30 palestinos.
Segundo a mídia pró-Hamas, o líder político era Salah al-Bardaweel. Acredita-se ainda que a esposa dele e mais líderes do grupo fundamentalista islâmico também estejam entre as vítimas, como o chefe do governo de fato do Hamas, Essam Addalees, e o líder da segurança interna, Mahmoud Abu Watfa.
As forças israelenses iniciaram operações ontem (22) na área de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, onde caças da Força Aérea atingiram vários alvos do Hamas e locais de infraestrutura terrorista, informou o Exército no Telegram.
“O objetivo da operação é atingir locais de infraestrutura terrorista do Hamas para expandir a zona de segurança no norte de Gaza”, acrescentou o texto.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) explicaram ainda que estavam “permitindo que civis evacuem a zona de combate para sua segurança e que continuará a operar contra organizações terroristas na Faixa de Gaza para proteger civis israelenses”.
Além disso, o exército israelense disse ter interceptado um míssil lançado do Iêmen depois que sirenes de ataque aéreo soaram em várias áreas do país.
“Após sirenes que soaram anteriormente em diversas áreas de Israel, um míssil lançado do Iêmen foi interceptado pela Força Aérea Israelense antes de entrar no território”, explica a nota oficial.
As tropas de Israel também pediram aos moradores que evacuem um bairro em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Em uma mensagem aos moradores do bairro Tel al-Sultan, o porta-voz do Exército israelense de língua árabe, Avichay Adraee, disse que foi lançada “uma ofensiva para atingir organizações terroristas” e pediu que eles evitassem viajar na área, que é “considerada uma zona de combate perigosa”.
Hoje cedo, o Ministério da Saúde do Hamas anunciou que o número de mortos na guerra desencadeada por Israel em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 chegou a 50.021.
Paralelamente, o ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelatty, afirmou que “a situação em Gaza é completamente inaceitável” e o retorno ao acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas “é a única solução prática e realista nas atuais circunstâncias”, bem como “a única proposta que garante a libertação de todos os reféns”.
A declaração foi dada em uma entrevista coletiva no Cairo com a alta representante da UE para Política Externa, Kaja Kallas.
“Devemos nos ater a isso se quisermos preservar a vida dos reféns”, acrescentou, pedindo o fim da “política de fome”.
Kallas estará em visita oficial a Israel e aos territórios palestinos nesta segunda-feira (24) para se reunir com os principais líderes institucionais.
De acordo com o Serviço de Ação Externa da UE, a chefe da diplomacia do bloco pretende “apelar ao retorno imediato, à implementação total do acordo de cessar-fogo e à libertação dos reféns”.