O governo do Panamá anunciou nesta sexta-feira (8) que irá intensificar a deportação dos migrantes que entrarem no país pela selva inóspita de Darién, na fronteira com a Colômbia, a fim de conter a onda migratória para os Estados Unidos.

“Dentro de nossas capacidades e do nosso orçamento, aumentaremos as ações para aumentar progressivamente as deportações e expulsões” de migrantes que entram no país de forma irregular, informou a diretora do Sistema Nacional de Migração, Samira Gozaine.

A fronteira natural de Darién, com 266 km de extensão e 575 mil hectares de superfície, tornou-se, nos últimos anos, um corredor para migrantes sul-americanos que tentam chegar aos Estados Unidos através da América Central e do México.

Segundo dados oficiais, mais de 348 mil pessoas cruzaram a selva de Darién neste ano, apesar de os Estados Unidos terem avisado que não permitirão a entrada no seu território de quem entra irregularmente no Panamá.

Desse total, segundo Samira, desde abril autoridades panamenhas deportaram 452 pessoas, um número ínfimo. As medidas para conter a onda migratória, que vigoram a partir desta data, “serão aplicadas a todas as pessoas que permanecem ilegalmente ou pretendem permanecer ilegalmente no território” do Panamá, alertou.

Para isso, o governo panamenho está preparando diversas aeronaves e em processo de contratação de voos charter para deportação de migrantes.

O total de estrangeiros que entraram neste ano no Panamá por Darién já supera em mais de 100.000 a cifra de todo o ano anterior, quando 248.000 pessoas fizeram essa viagem, quebrando todos os recordes anteriores de migração através dessa selva.

No último mês, uma média de 2.500 a 3.000 migrantes chegaram diariamente ao país centro-americano vindos da Colômbia.

No entanto, Gozaine reconheceu que o governo panamenho não poderá realizar deportações em massa devido à falta de recursos, portanto se concentrará primeiro nas pessoas com antecedentes criminais.

“Obviamente, temos recursos limitados, gostaríamos que 3.000 pessoas entrassem (irregularmente no Panamá) para deportar 3.000, mas é impossível, não é operacional”, disse o responsável.

– Aumento de controle e restrições –

Quase metade dos migrantes que passam pela selva é venezuelana, embora também haja haitianos, equatorianos e colombianos. Além disso, há asiáticos, com um número crescente de chineses, e africanos, especialmente de Camarões.

O Panamá também irá reforçar as medidas de segurança nos povoados fronteiriços, transferir de local alguns postos de controle policial e reduzir a autorização de permanência no país de alguns migrantes de 90 para 15 dias, em função de análises feitas por autoridades.

Desde abril, “conseguimos resgatar das mãos do crime organizado e das redes de tráfico de pessoas na área de Darién mais de 570 migrantes”, ressaltou o diretor do Serviço Nacional de Fronteiras.

O Panamá acusa outros países da América do Sul de falta de cooperação para conter o fluxo migratório. A chanceler Janaina Tewaney informou anteontem que o presidente panamenho, Laurentino Cortizo, irá se reunir neste mês com o colega da Colômbia, Gustavo Petro, para discutir a crise migratória, entre outros temas.

jrr/fj/mr/aa/dd/aa/dd-lb/am