Ao conceder e supervisionar os Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) obtém receitas de sua principal competição, o que o coloca no centro do esporte mundial e lhe permite ditar suas diretrizes principais.
Fundado em 1894 para organizar uma versão moderna dos Jogos Antigos, a partir de 1896 em Atenas, o COI é inseparável dos Jogos Olímpicos organizados a cada quatro anos, alternando desde 1994 edições de verão e inverno.
O comitê designa a cidade-sede por meio de uma votação de seus membros reunidos em sessão, supervisiona os preparativos e o desenvolvimento do evento e obtém receitas, das quais 61% provêm dos direitos televisivos e 30% do seu programa TOP de patrocínio internacional.
Para o ciclo 2017-2020/1, marcado pelo adiamento de um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 devido à pandemia, o COI reportou receitas de 7,6 bilhões de dólares (R$ 43,6 bilhões, cotação atual) e afirma redistribuir 90%, o que equivale a 4,2 milhões de dólares (R$ 24,1 milhões) por dia.
Desde 2010, o COI adicionou ao seu repertório uma competição voltada para jovens de 15 a 18 anos, os Jogos Olímpicos da Juventude (JOJ), que também permitem testar novos esportes – como o breaking nos JOJ-2018, antes de sua inclusão no programa dos Jogos Olímpicos de Paris.
Um pouco mais de um terço das receitas provenientes dos Jogos é destinado a apoiar a cidade-sede, com um valor em constante crescimento: 1,9 bilhão de dólares (R$ 10,9 bilhões) foram entregues aos organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e 970 milhões (R$ 5,56 bilhões) aos de Pequim (inverno) em 2022.
Os valores destinados aos JOJ são muito mais modestos, com 64 milhões de dólares (R$ 367 milhões) para a edição de 2018 em Buenos Aires e 26 milhões (R$ 149,2 milhões) para os JOJ de inverno em Lausanne em 2020.
O restante do financiamento é dividido em dois fundos de igual tamanho para as federações internacionais (FI) reconhecidas pelo COI e os 206 comitês olímpicos nacionais (CON), para que, por sua vez, apoiem seus atletas e treinadores.
Das receitas dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, as FI que gerenciam os esportes de verão e os CON receberam cada um uma soma global de 540 milhões de dólares, enquanto os rendimentos de Pequim 2022 destinaram 201 milhões de dólares às FI de esportes de inverno e aos CON.
Por fim, o COI contribui com 50% do orçamento da Agência Mundial Antidoping, sendo os outros 50% financiados pelos governos. Para 2024, a entidade, sediada em Lausanne, desembolsou 26,5 milhões de dólares (R$ 152 milhões) para o órgão mundial antidoping.
Se a contribuição do COI é secundária para uma federação tão rica quanto a Fifa, ela é essencial e até vital para a maioria dos atores do mundo olímpico, colocando a organização em uma posição de poder.
Em princípio, apenas uma pequena parte das decisões do COI tem caráter obrigatório. Isso inclui, por exemplo, a retirada do reconhecimento olímpico de uma FI ou a suspensão de um comitê olímpico nacional, o que priva as organizações envolvidas dos subsídios olímpicos.
No restante do tempo, o COI emite “recomendações” – como sobre a exclusão e posterior reintegração de atletas russos e bielorrussos sob bandeira neutra – ou “diretrizes”, como fez em 2021 para atletas transgêneros e intersexuais, deixando que as FI interpretem essas diretrizes conforme acharem melhor.
No entanto, em algumas ocasiões, a entidade exerce uma pressão muito mais direta. Em maio de 2024, ao tentar impulsionar uma nova FI para administrar o boxe olímpico, após afastar a Associação Internacional de Boxe (IBA) por influência russa, o COI decretou que “qualquer boxeador cuja federação nacional esteja afiliada à IBA” não poderia participar dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, pressionando ainda os CON envolvidos a “excluir essa federação”.
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