Coluna: José Manuel Diogo

Fundador da Informacion Capital Consulting e Diretor da Câmara de Comércio e Industria Luso Brasileira em Lisboa onde coordena o comité de Trade Finance é o autor do estudo "O Potencial de Expansão das Exportações Brasileiras para Portugal”. Atua atualmente como investidor e consultor, estando envolvido em projetos de intercâmbio internacional nas áreas do comércio, tecnologia e real estate. Vive com um pé em cada lado do Atlântico, entre São Paulo e Lisboa. É autor e colunista na imprensa internacional sobre temas de investimento, importação e exportação e inteligência de mercado. É um entusiasta da cultura e da língua portuguesa.

Liberar a quarentena a investidores

José Manuel Diogo
Foto: José Manuel Diogo

Aplicar a investidores as mesmas regras aplicadas a turistas não faz algum sentido. Mas o pior mesmo é quarentená-los. Infelizmente isso está acontecendo em todo o mundo e os investidores brasileiros são dos mais prejudicados.

A medida não faz qualquer sentido porque os investidores internacionais não assistem a festas privadas, não viajam em transportes públicos, nem se aglomeram em praias ou carreatas. Eles “apenas” visitam projetos, debatem empreendimentos, e nas reuniões de negócio usam sempre máscara. Se a lei os obrigar a ficar quietos e um quarto de hotel eles não irão a lugar algum. E, como nunca, a economia precisa deles.

Mas isto é o que está acontecendo a investidores do Brasil e da Índia — precisamente duas das maiores economias emergentes do mundo e com maior “apetite” por ativos imobiliários e financeiros por toda a Europa.

Brasileiros e indianos, mas também de outros países com profundas e estreitas ligações, culturais e históricas, a países europeus como Portugal, a Espanha e a Itália, em uma altura de essencial para o investimento, vêm o velho continente lhes fechar as portas do investimento internacional.

Todos aplaudiriam se os governos europeus, através da União Europeia criassem um corredor especial destinado ao Investimento Direto Estrangeiro. Essa medida de desconfinamento seria uma exceção bem-vinda — e sem qualquer impacto sanitário — para quem manifestasse a intenção de investir — não em apenas real estate,  mas como muitas vezes acontece, na criação de empresas e muitos empregos.

Apresentar uma prova de teste negativo à COVID-19 à entrada de um país é muito razoável, e até indispensável, mas tornar obrigatório o cumprimento de um período de isolamento profilático de 14 dias, em casa ou num local indicado pelas autoridades sanitárias, após a entrada na Europa, é a mesma coisa que dizer aos investidores: “não venham!”

Como falava o comendador Mendes Pereira, em tempos de crise tire o “s” — e crie. Um passaporte de investimento covid free destinado a investidores responsáveis é uma ideia simples e que ajudaria na retoma mais rápida das economias mundiais.