O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, não compareceu nesta quarta-feira (21) ao segundo e último dia de audiências do julgamento em que um tribunal de Londres analisa seu recurso para evitar uma extradição aos Estados Unidos.

Assange também não compareceu na terça-feira ao primeiro dia de audiências no Tribunal Superior de Justiça de Londres, para a análise do último recurso que resta ao australiano no Reino Unido para evitar sua entrega à justiça dos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem.

“Não estava bem e não está presente”, declarou na terça-feira o advogado Edward Fitzgerald ao anunciar a indisposição do cliente.

O advogado de Assange defendeu na véspera a liberdade de informação para impedir a extradição e alegou que existem “motivações políticas” para a demanda americana.

Dois magistrados decidirão em breve se o Reino Unido deve entregar o fundador do WikiLeaks aos Estados Unidos, onde ele pode ser julgado por um vazamento em larga escala de documentos confidenciais.

Se a extradição for aprovada, o australiano pode ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão nos Estados Unidos.

Em caso de extradição, ele pode ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão nos Estados Unidos.

“Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”, afirmou Fitzgerald na terça-feira no Tribunal Superior de Justiça de Londres.

– Documentos confidenciais –

A extradição de Assange é solicitada pela justiça dos Estados Unidos por ele ter publicado, desde 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas de Washington, em particular no Iraque e Afeganistão.

Nesta quarta-feira, os advogados dos Estados Unidos afirmaram que o tribunal deve rejeitar o recurso de apelação de Assange.

Clair Dobbin, advogada que representa Washington, declarou no tribunal que a acusação é “baseada no Estado de direito e nas evidências” contra Assange.

“Ele publicou de forma indiscriminada e consciente ao mundo os nomes de pessoas que atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos”, disse, antes de acrescentar que este fato o diferencia de outros meios de comunicação.

“São estes fatos que o distinguem, não as suas opiniões políticas”, destacou Dobbin.

Na terça-feira, outro advogado da Assange, Mark Summers, mencionou um plano americano, segundo uma reportagem do Yahoo News de 2021, de matar ou sequestrar seu cliente em 2017.

Se Assange for bem sucedido no julgamento desta quarta-feira, ele provavelmente terá que enfrentar outra audiência no Reino Unido, em data ainda não determinada, para confirmar que não será extraditado.

Caso o tribunal londrino confirme a extradição, Assange ainda teria como último recurso o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), afirmaram seus apoiadores em dezembro.

– Saúde frágil –

Antes do julgamento, a esposa de Assange fez um alerta sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.

“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou Stella Assange na semana passada.

O fundador do WikiLeaks foi detido pela polícia britânica em 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.

Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os Estados Unidos.

A apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica anulasse a primeira decisão e abrisse caminho para a extradição.

A apelação de Assange foi infrutífera e, em abril de 2022, um tribunal britânico autorizou a extradição, aceita dois meses depois pelo governo britânico.

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