Joe Biden, o ‘tio bom’ da América

Joe Biden, o 'tio bom' da América

Alessandra Baldini NOVA YORK, 7 NOV (ANSA) – Por Alessandra Baldini – Veterano, com uma carreira política de 47 anos, especialista em assuntos internacionais e distraído obstinado. Além de ser considerado o “tio bom” dos americanos acostumados aos excessos explosivos do presidente Donald Trump, Joe Biden é um homem de classe média marcado por terríveis tragédias familiares.

Eleito pelos americanos para ocupar a Casa Branca, o ex-vice de Barack Obama, de 78 anos, é um democrata moderado que chega com hesitação à presidência da maior potência mundial.

Em 2016, arrasado pela morte de seu filho Beau em decorrência de um tumor cerebral, ele se recusou a concorrer no pleito em que Trump derrotou Hillary Clinton. Biden, talvez, tivesse uma chance melhor do que a ex-secretária de Estado.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado por três décadas, Biden começou a tratar sobre assuntos internacionais em 1997, após perder, como “número um” da Comissão de Justiça, a batalha contra a nomeação do juiz negro conservador Clarence Thomas para a Suprema Corte.

Da Pensilvânia ao Salão Oval, Joseph Robinette Biden Jr., o mais velho de quatro irmãos de uma família de origem irlandesa, nasceu em Scranton, a cidade mineradora de carvão que simbolizava o tradicional fiasco da indústria, mas desde os 10 anos de idade vive em Delaware, o estado para onde ele tinha que voltar todas as noites de trem do Senado para conseguir sustentar seus filhos depois de ficar viúvo.

Quando criança, o democrata era gago, mas se recuperou praticando no espelho. Seu pai, rico e imprudente quando jovem, sofrera reveses financeiros e o pequeno Joe trabalhava sete dias por semana vendendo carros em uma concessionária, limpando caldeiras, passando os domingos atrás de um balcão de mercado.

Biden nunca foi um aluno brilhante, mas era um excelente atleta.

Em 1972, aos 29 anos e depois de se tornar advogado, concorreu ao Senado. Na época, só ele e sua família achavam que conseguiria, mas foi eleito. A alegria do triunfo, porém, foi breve.

Sua primeira esposa, Neilia, e sua filha de um ano, Naomi, morreram de forma trágica em um acidente de carro, durante as compras de Natal, pouco depois de Biden ser eleito senador. Seus dois filhos, Beau e Hunter, ficaram gravemente feridos no hospital e sobreviveram.

Mais tarde, Beau, um ex-promotor de Delaware e capitão da Guarda Nacional, também faleceu, deixando um vazio intransponível em seu pai. Hunter, por sua vez, é o mais jovem e causou-lhe problemas em meio ao vício em drogas e aos negócios imprudentes em países como a Ucrânia e a China, o que provocaram ataques ao democrata com alegações de conflito de interesses.

Biden também tem uma filha, Ashley, com sua segunda esposa Jill Jacobs, uma ítalo-americana e professora de faculdade comunitária, com quem casou em 1977 na igreja da ONU em Nova York. O casal tem dois cães: Major e Champ.

A corrida eleitoral para a Casa Branca que acaba de vencer é sua terceira disputa. A última, em 1987, terminou mal quando foi descoberto que ele plagiou um discurso de um líder britânico. Em 2008, porém, ele trouxe a Obama uma vasta experiência e um coração sincero. Foi recompensado com a confiança dada pelo mais jovem presidente negro, como a missão de enfrentar o “contínuo desastre” da crise econômica a partir da visão da classe média, que definiu como “a verdadeira espinha dorsal do país”.

Primeiro presidente católico depois de John F. Kennedy – carrega o rosário de Beau no bolso -, Biden é a favor do aborto e, seguindo na linha do papa Francisco, defende o clima. “Voltarei ao acordo de Paris no primeiro dia na Casa Branca”, prometeu.

(ANSA)