Israel classificou, nesta segunda-feira (18), de “escandaloso” e “moralmente repugnante” o pedido da África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU para a adoção de novas medidas de emergência para combater a “fome” em Gaza.

No início de março, a África do Sul solicitou à CIJ a imposição de “medidas provisórias” para pôr fim à “fome generalizada” resultante da ofensiva israelense em Gaza.

No entanto, em uma resposta difundida pelo alto tribunal nesta segunda, Israel repreendeu o “tom belicoso e ofensivo” de Pretória, e desmentiu “categoricamente” as acusações.

Israel garantiu que está “determinado” a respeitar suas obrigações jurídicas internacionais e insistiu ter tomado várias medidas para aliviar o sofrimento da população de Gaza.

A guerra começou em 7 de outubro com o ataque do Hamas no sul de Israel, onde seus combatentes mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, grupo que classifica de organização terrorista, assim como fazem Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma ofensiva que já deixou mais de 31.000 mortos em Gaza, segundo o movimento islamista palestino.

As agências especializadas da ONU advertiram nesta segunda que um de cada dois habitantes em Gaza está em uma situação alimentar “catastrófica”, particularmente no norte, onde há previsão de fome daqui até maio se não forem tomadas medidas “urgentes”.

No fim de dezembro, a África do Sul acusou Israel perante a CIJ de participar de “atos de genocídio” em Gaza. Em uma decisão de meados de janeiro, o tribunal ordenou ao país que impedisse qualquer ato de genocídio no território e permitisse a entrada de ajuda humanitária.

Algumas semanas depois, a África do Sul pediu novas medidas com o objetivo de pressionar legalmente Israel a não lançar uma ofensiva terrestre contra Rafah, no sul de Gaza. A máxima instância judicial da ONU rechaçou esse pedido.

Em sua defesa publicada hoje, Israel acusa a África do Sul de usar os procedimentos do tribunal de maneira “abusiva”. Segundo Israel, a África do Sul “aparentemente espera que suas demandas incessantes levem o tribunal a finalmente ceder e conceder-lhe o que pede”.

Os “reiterados” argumentos de Pretória não explicam como essas ações “podem ser conciliadas com uma intenção genocida”, diz a resposta israelense, na qual o país pede ao tribunal que rejeite o pedido.

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