Houthis prometem retaliar bombardeio letal dos EUA no Iêmen

Houthis prometem retaliar bombardeio letal dos EUA no Iêmen

"CasaTrump ordenou ofensiva após milícia aliada ao Irã anunciar retomada de ataques a navios no Mar Vermelho, rota do comércio global. Presidente americano pressiona Teerã por negociações sobre programa nuclear.Bombardeios dos Estados Unidos contra a milícia houthi no Iêmen deixaram ao menos 31 mortos – a maioria crianças e mulheres, informou o grupo aliado ao Irã, que disse estar pronto para escalar sua resposta aos ataques deste sábado (15/03).

A investida havia sido ordenada pelo presidente Donald Trump em reação a um anúncio dos houthis, no início desta semana, de que voltariam a atacar navios que trafegam pelo Mar Vermelho, uma das principais rotas do comércio marítimo global. Rússia e Irã condenaram o bombardeio – que, segundo uma fonte da Casa Branca citada pela agência de notícias Reuters, pode continuar por semanas.

Trump afirma que os ataques visam bases e líderes terroristas, para "proteger a navegação e ativos aéreos e navais americanos", bem como "restaurar a liberdade de navegação". "Nenhuma força terrorista impedirá os navios comerciais e navais americanos de navegarem livremente pelo mundo", escreveu nas redes sociais.

A Rússia, de quem Trump tem se aproximado desde que venceu as eleições à Casa Branca, pediu aos EUA que "cessem imediatamente o uso da força". Segundo a pasta, o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, frisou em telefonema com seu colega americano, Marco Rubio, a "importância de que todos os lados se engajem no diálogo".

Ataques no Mar Vermelho

Na terça-feira passada, os houthis haviam anunciado que voltariam a atacar navios israelenses que trafegassem pelo Mar Vermelho ou por águas árabes. Mas nenhum ataque de fato havia sido registrado desde então.

A situação na região era de relativa calma desde o início do cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, em janeiro. No momento, as negociações de paz estão estagnadas, e bombardeios isolados seguem vitimando civis em Gaza, segundo autoridades locais. Israel suspendeu o fornecimento de ajuda humanitária à região para pressionar pela soltura de mais reféns – o que os houthis usaram como justificativa para a retomada de ataques no Mar Vermelho.

Desde novembro de 2023, os houthis lançaram mais de 100 ataques contra navios no Mar Vermelho, afirmando agirem em solidariedade aos palestinos em Gaza. Duas embarcações foram afundadas, e quatro marinheiros foram mortos.

Os ataques prejudicaram o comércio marítimo global, forçando empresas a fazer custosos e demorados desvios de rota.

Os houthis, assim como o Hamas e o Hezbollah no Líbano, são aliados do Irã. Estes dois últimos, porém, foram enfraquecidos desde o início do conflito em Gaza. A Síria de Bashar al-Assad, também próxima de Teerã, foi tomada por rebeldes em dezembro do ano passado.

Pressão sobre o Irã

Ao anunciar o ataque americano, Trump também enviou um recado ao Irã, exigindo que parem de apoiar o grupo.

A ofensiva de Trump contra os houthis vem num momento em que os EUA intensificam a pressão sobre Teerã por negociações sobre seu programa nuclear.

O Irã nega ter interesse em desenvolver armas nucleares, mas acelerou dramaticamente sua capacidade de enriquecimento de urânio, chegando a 60% de pureza – próximo dos cerca de 90% necessários –, segundo um alerta da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).

Os houthi já foram alvo de outros ataques americanos durante o governo de Joe Biden, antecessor de Trump na Casa Branca.

ra (Reuters, AP)