O governo britânico apresentou, nesta quinta-feira (14), uma nova definição de extremismo, que determinará quais organizações podem se beneficiar de fundos públicos, mas segundo os críticos a nova classificação ameaça a liberdade de expressão e visa veladamente as organizações muçulmanas.

A iniciativa foi apresentada duas semanas depois de o primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, ter descrito o extremismo como um “veneno” para a democracia, espalhado por “islamistas e grupos de extrema direita”.

A definição será vinculativa para os órgãos oficiais, que não poderão interagir, estabelecer fundos públicos ou trabalhar com grupos definidos como extremistas.

A nova definição descreve o extremismo como “a promoção de uma ideologia baseada na violência, no ódio e na intolerância”, que busca “negar ou destruir os direitos e liberdades fundamentais dos outros” e “minar, derrubar ou substituir o sistema britânico de democracia liberal parlamentar e direitos democráticos”.

“Para proteger a nossa democracia e melhorar a coesão social, é importante reforçar o que temos em comum e sermos claros e precisos na identificação dos perigos que o extremismo representa”, defendeu o ministro das Comunidades, Michael Gove, perante o Parlamento, acrescentando que é “preocupante que o conflito no Oriente Médio acentue a polarização” no Reino Unido.

Em um contexto marcado pela guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, que eclodiu em 7 de outubro, em 2023, foram registrados 4.103 atos antissemitas no país, 147% a mais do que em 2022. E nos primeiros quatro meses do conflito, as ações islamofóbicas aumentaram 335% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A nova definição é “mais precisa” do que a anterior de 2011, disse o governo, acrescentando que busca “identificar melhor organizações, indivíduos e comportamentos extremistas”.

Após consultar especialistas, o governo publicará nas próximas semanas uma lista de organizações consideradas extremistas.

Mas muitas vozes consideram que a iniciativa do governo conservador busca semear a “divisão”, enquanto outras mostram a sua preocupação porque a veem como uma ameaça à liberdade de expressão ou como um ataque dirigido contra organizações muçulmanas.

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Daily Mail