A polícia da Guatemala prendeu, nesta quinta-feira (11), o ex-ministro do Interior David Barrientos, por desobedecer uma ordem judicial para desobstruir dezenas de protestos com bloqueios de estradas que exigiam a renúncia da procuradora-geral, Consuelo Porras.

“A prisão do senhor David Napoleón Barrientos Girón foi coordenada pela possível prática dos crimes de violação de deveres e desobediência”, informou o Ministério Público em um comunicado.

O ex-chefe da pasta de Segurança foi detido em sua residência na capital guatemalteca e levado, em uma patrulha policial, para o prédio do tribunal onde será apresentado a um juiz, segundo imagens divulgadas pela televisão local.

Barrientos renunciou ao cargo em 16 de outubro, depois que o Ministério Público solicitou à máxima entidade judicial do país, a Corte Constitucional (CC), que o destituísse por se recusar a expulsar os manifestantes à força.

A nota especificava que Barrientos “omitiu atos inerentes à sua função relacionados com o cumprimento e a aplicação do regime jurídico relativo à manutenção da paz e da ordem pública (…), ao não cumprir o que foi ordenado na resolução” da CC.

“Agimos dentro dos marcos da lei”, disse Barrientos aos jornalistas, ao chegar ao tribunal da capital, referindo-se às suas ações durante os bloqueios.

No início de outubro, milhares de pessoas fecharam várias estradas em diversas regiões da Guatemala, inclusive na capital, para exigir a renúncia da procuradora-geral, acusada de tomar medidas judiciais para impedir a posse do presidente eleito, o opositor social-democrata Bernardo Arévalo.

Arévalo tomará posse no domingo (14) em meio a incertezas, devido à persistente perseguição jurídica contra ele, contra seu partido Semilla, a próxima vice-presidente, Karin Herrera, e questionamentos da oposição sobre os resultados eleitorais.

O presidente eleito denuncia “uma tentativa de golpe de Estado” desde junho do ano passado, quando, contra todas as previsões, foi para o segundo turno, graças ao seu discurso anticorrupção.

Em agosto, venceu com folga o segundo turno contra a ex-primeira-dama Sandra Torres, considerada pelos guatemaltecos como a candidata do “continuísmo” e dos atores corruptos.

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