18/01/2024 - 9:10
O recente despejo de toneladas de grânulos de plástico, ou “pellets”, em várias costas europeias, especialmente na Galiza, constitui uma verdadeira catástrofe ambiental, alertaram nesta quinta-feira deputados do Parlamento Europeu.
“A catástrofe que estamos vendo na Galiza é apenas a ponta de um enorme iceberg. A poluição dos nossos mares com mais de um bilhão de pellets é um enorme desastre para o ambiente, os animais marinhos e as comunidades locais”, disse Ska Keller, eurodeputada alemã dos Verdes.
Porém, alertou que o desastre “não representa nem 1% dos pellets de plástico que se perdem a cada ano. Precisamos parar esta catástrofe contínua”.
Para a eurodeputada irlandesa Grace O’Sullivan, também dos Verdes, o que ocorreu na costa da Galiza “foi um derramamento de petróleo com outro nome(…) É um crime”.
Estima-se que cerca de 26 toneladas dessas minúsculas esferas de plástico chegaram à costa da Galiza, região de alta atividade pesqueira, ao serem liberadas no mar por um navio cargueiro com bandeira da Libéria.
Estes grânulos, de até 5 milímetros de diâmetro, são utilizados na indústria para a fabricação de embalagens, garrafas e recipientes de plástico.
No debate desta quinta no Parlamento Europeu, a amarga discussão transformou-se em uma disputa para definir responsabilidades, entre os aliados do governo nacional espanhol e os que apoiam as autoridades locais galegas.
A Galiza, reduto do líder da oposição espanhola Alberto Núñez Feijóo, realizará eleições regionais em 18 de fevereiro.
A deputada centrista espanhola Soraya Ramos destacou que, para além das discussões políticas, “trata-se de plásticos. As eleições vão passar, mas os plásticos continuarão contaminando nossas costas”.
Idioia Villanueva, eurodeputada espanhola do bloco de esquerda, disse que “a emergência ambiental que afeta a Galiza indica a necessidade de uma legislação europeia ambiciosa que acabe com a impunidade das empresas”.
A eurodeputada galega Ana Miranda, do bloco dos Verdes, defendeu que o Parlamento Europeu promova normas que considerem “os pellets de plástico como mercadorias perigosas”.
Virginijus Sinkevicius, comissário europeu para o meio ambiente, oceanos e pescas, disse que “não há soluções fáceis, mas precisamos de ações ousadas e decisivas para proteger os nossos oceanos”.
Esses grânulos de plástico são ingeridos por animais marinhos e podem acabar na alimentação humana.
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