A cloroquina, medicamento contra a malária, tem sido testada como possível tratamento para combater o novo coronavírus nos Estados Unidos. Apesar do entusiasmo do presidente Donald Trump com o uso da droga para combater a covid-19, o medicamento pode ter efeitos colaterais mortais, principalmente se ingerido acidentalmente por crianças.

Em entrevista ao jornal USA Today, Lana e Steve Ervin contaram como perderam a filha de 2 anos por causa da cloroquina há 37 anos. Segundo Lana, a filha Ashley ingeriu apenas uma pílula. “Temos que informar às pessoas que isso é perigoso”, afirmou.

O medicamento estava escondido atrás de um porta maquiagens em uma gaveta do banheiro. Steve costumava ingerir a droga para se prevenir da malária durante missões em outros países. A filha encontrou o remédio enquanto brincava com grampos de cabelo.

Durante a janta daquele dia, Ashley passou mal e foi levada para o hospital. De acordo com a família, eles passaram cinco dias na unidade de terapia intensiva pediátrica lutando contra a morte da menina.

“Tínhamos um armário de remédios trancado”, contou Lana. “De alguma forma, este frasco de comprimidos em particular acabou em uma gaveta. De alguma forma, uma curiosa garota de 2 anos o encontrou e tirou a tampa à prova de crianças. Trinta e sete anos depois, penso nela todos os dias e lamento sua perda todos os dias.”

Lana ressalta que não está tentando desencorajar as pessoas a tomar cloroquina. “É uma boa droga, mas você precisa ter cuidado”, ressaltou.

Medicamentos contra a malária

A cloroquina e a hidroxicloroquina, as duas drogas mencionadas por Trump para o tratamento da covid-19, são usadas há décadas para ajudar a prevenir e tratar a malária, bem como para tratar outras doenças, como artrite reumatoide e lúpus.

De acordo com o diretor do Centro de Informações sobre Intoxicações e Medicamentos de Oklahoma, Scott Schaeffer, a hidroxicloroquina geralmente é melhor tolerada que a cloroquina, mas nenhuma das drogas deve ser tomada sem prescrição médica.

“Cloroquina, um ou dois comprimidos em uma criança, traria preocupações reais”, disse Schaeffer. “A hidroxicloroquina não é tão ruim, mas ainda é preciso ter cuidado absoluto para mantê-lo fora do alcance das crianças”, ressaltou Schaeffer ao USA Today.

O especialista alerta que os adultos também devem ser cautelosos. “Não queremos que as pessoas carreguem a droga achando que vão prevenir doenças”, disse ele. “Está em fase de investigação no momento (para covid-19).”