O Governo espanhol informou, nesta quarta-feira (6), que vai garantir a preservação da “autonomia estratégica” do país após a entrada do grupo saudita STC na Telefónica, que se tornou a maior acionista da gigante espanhola das telecomunicações, com uma participação de 9,9%.

“A Telefónica não é apenas uma empresa emblemática, mas um operador estratégico e o governo garantirá que a autonomia estratégica da Espanha seja preservada”, disse a porta-voz do poder Executivo, Isabel Rodríguez, à televisão pública TVE.

A ministra da Economia, Nadia Calviño, lembrou aos jornalistas em Bruxelas que nos últimos anos, Madri “reforçou” os mecanismos de proteção de seus “setores estratégicos”, e prometeu aplicar “todos os mecanismos que sejam necessários” para defender seus interesses.

Na terça-feira, o grupo STC (Saudi Telecom Company) anunciou a aquisição, concretizando sua participação em 9,9% por 2,1 bilhões de euros (cerca de 11,3 bilhões de reais, na cotação atual), compra que o tornou o maior acionista da empresa espanhola presente em toda a América Latina e no Reino Unido.

A companhia saudita, da qual 64% pertencem ao Fundo de Investimento Público Saudita (PIF), informou em um comunicado que esta aquisição permitirá aproveitar o “potencial” oferecido pelo importante “portfólio” de infraestruturas da operadora espanhola, mas garantiu que não tem “intenção de assumir o controle ou participação majoritária” da Telefónica.

A partir dos 10%, os investidores estrangeiros que desejarem comprar partes de uma empresa espanhola considerada estratégica precisam da aprovação do Governo, em virtude da medida introduzida em 2020 para proteger as empresas fragilizadas pela pandemia da covid-19.

No caso de atividades relacionadas à defesa, como é o caso da Telefónica, que oferece serviços de telecomunicações aos militares espanhóis, o comprador deverá também obter a aprovação do Ministério da Defesa, sobretudo se houver a intenção de voto, em aquisições superiores a 5%.

“Preservar nossa autonomia estratégica é essencial”, afirmou na plataforma X (antigo Twitter) a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, que pediu “uma melhor regulação e proteção para evitar” as compras, consideradas hostis, de empresas fragilizadas.

Apesar de ter tido um lucro líquido de dois bilhões de euros (em torno de 11 bilhões de reais) no ano passado, a Telefónica carrega há vários anos uma dívida pesada que mal consegue reduzir.

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