O Banco Central divulgou nesta quarta-feira, 8, os resultados do Questionário pré-Copom da última reunião, na qual o Comitê de Política Monetária cortou novamente a Selic em 0,50 ponto porcentual (pp), para 12,25% ao ano, e sinalizou no dia 1º de novembro a continuidade deste ritmo de ajuste nas próximas reuniões. Todas as 133 casas consultadas pelo BC acreditavam que o Copom de fato iria cortar a Selic em 0,50 pp. Quando a pergunta é sobre o que cada economista faria, dois deles responderam que o ajuste deveria ser de 0,25 pp e um avaliou que o correto seria manter a taxa de juros em 12,75% ao ano.

Para a reunião de dezembro, 127 economistas acreditavam que o BC irá manter o ritmo de 0,50 pp e seis responderam com a aceleração do passo para o corte de 0,75 pp. Já na resposta sobre qual decisão seria mais acertada, o corte de 0,50 pp passou a ter adesão de somente 117 casas, com 11 advogando pelo corte de 0,75 pp, três por um corte de 0,25 pp e uma pela manutenção dos juros.

Para o encontro de janeiro do Copom, a divisão no questionário foi um pouco maior, com 115 apostas no corte de 0,50 pp e 15 no corte de 0,75 pp. A opções de cortes de 1,0 pp, 0,25 pp ou mesmo a manutenção dos juros tiveram uma adesão cada. E um número ainda menor de economistas acreditava que manter o ritmo de 0,50 pp seria o correto para a primeira reunião de 2024, com 103 respostas, ante 20 por um corte de 0,75 pp, sete por um corte de 0,25 pp, uma pelo corte de 1,0 pp e uma pela manutenção da Selic.

Antes do Copom da semana passada, as medianas das projeções dos analistas ouvidos no questionário apontavam para um IPCA de 3,90% em 2024, com alta de 4,3% em administrados. Para o próximo ano, 48% deles veem riscos equilibrados para a inflação, enquanto 42% enxergam riscos de alta e apenas 9% acreditam em riscos de baixa nos preços. Considerando a mediana de todas as respostas, os economistas já embutem 0,15 pp de impacto do El Niño na inflação de 2024, com potencial de chegar a 0,60 pp caso o fenômeno climático seja mais extremo.

Para 97% dos analistas, o cenário externo ficou mais desfavorável para os países emergentes desde a reunião anterior do Copom, em setembro, enquanto apenas 3% não enxergaram mudanças relevantes. A mediana das respostas aponta para uma taxa de juros de curto prazo dos EUA em 4,50% ao fim de 2024, 3,50% no fim de 2025 e em 3,00% no longo prazo. Para os títulos americanos de dez anos, as medianas foram de 4,00%, 3,60% e 3,50%, respectivamente.

Fiscal

O mercado também segue duvidando da capacidade do governo em zerar o déficit fiscal em 2024. A mediana das respostas aponta para um rombo de R$ 90 bilhões no próximo ano, apenas um pouco melhor que o resultado negativo de R$ 111 bilhões esperado no questionário para 2023.

Enquanto o governo espera arrecadar R$ 168,5 bilhões com novas medidas para sustentar o orçamento de 2024, os analistas consultados pelo BC preveem um reforço de apenas R$ 81 bilhões aos cofres federais.

O questionário foi enviado aos economistas antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhecer que será muito difícil zerar o déficit em 2024, abrindo as discussões para uma possível mudança de meta fiscal do próximo ano. Por isso, 68% das respostas não viam mudanças relevantes na evolução da situação fiscal desde a reunião de setembro do Copom, enquanto apenas 27% enxergavam uma piora no panorama das contas públicas.