A Dinamarca anunciou nesta quinta-feira (10) que dará mais protagonismo à Groenlândia no Conselho do Ártico, o principal fórum regional do Grande Norte, uma decisão simbólica, mas que representa um novo passo para a emancipação deste território autônomo.
“A Dinamarca não é um Estado ártico, todo mundo pode vê-lo e senti-lo”, afirmou a chefe de governo dinamarquesa, Mette Frederiksen, após se reunir perto de Copenhague com seus contrapartes da Groenlândia e das ilhas Faroé.
“Por isso, queremos reforçar a cooperação neste âmbito, mas também dar à Groenlândia e às Faroé um papel mais ativo”, anunciou.
Até agora, nos Conselhos do Ártico, como o último celebrado em Reykjavik em maio, a Dinamarca foi a primeira a falar, seguida de seus dois territórios autônomos, mas a partir de agora o fará em último.
A Groenlândia também será o primeiro signatário dos acordos do Conselho, que reúne outras sete nações, incluindo os Estados Unidos e a Rússia, assim como representantes dos povos autóctones.
Este conselho foi criado em 1996 para desenvolver a cooperação entre os países limítrofes do Polo Norte, mas seu poder é relativo. Seu mandato exclui a segurança e a defesa, temas que voltaram ao primeiro plano com as tensões crescentes entre o Ocidente e a Rússia, que acaba de assumir a presidência por dois anos.
O primeiro-ministro groenlandês, Mute Egede, à frente do território autônomo ártico desde a vitória do seu partido nas eleições municipais de abril, aplaudiu a decisão.
“Fico contente de conseguirmos um papel mais importante. É o desejo da Groenlândia há muito tempo”, disse. “Devemos ser os donos da nossa própria casa. O objetivo final é a independência”, reiterou este dirigente de esquerda.
Desde que obteve a autonomia em 1979, a Groenlândia tem aumentado progressivamente suas prerrogativas, mas o objetivo da independência enfrenta a questão dos recursos próprios do território, que obtém um terço do seu orçamento das subvenções dinamarquesas.
A segurança e a defesa também dependem de Copenhague.
A Dinamarca prometeu nesta quinta a criação de um grupo de contato com representantes das três nações para abordar temas de segurança.