Os turistas que se preparavam para retomar os projetos de viagens engavetados estão sendo obrigados a refazer seus planos. O setor aeroviário nem teve tempo de se restabelecer da pandemia e já enfrenta uma nova crise, com o aumento do querosene de aviação, que voltou a subir nos últimos dias, atingindo uma alta de 82,7% no primeiro trimestre de 2022, diante de igual período de 2019. O brasileiro, que antes da Covid já tinha que fazer malabarismo para poder viajar de avião, agora se vê diante da necessidade de cancelar projetos ou buscar alternativas mais baratas para viajar, como os ônibus.

O impacto no preço das passagens foi brutal. O valor médio dos bilhetes aéreos de ida e volta para os destinos nacionais mais procurados saltou 62% neste ano. “Fazemos sempre uma viagem internacional anualmente em família, nós e nossos dois filhos. Esse ano, no entanto, não terá essa viagem. Quando colocamos na ponta do lápis a alimentação, hospedagem e mais o dinheiro para a estadia, optamos por fazer uma viagem só o casal. Geralmente fazemos viagens longas de 20 dias, mas, devido ao custo, diminuímos também a quantidade de dias para 10. Com a alta das passagens e o dólar e o euro muito caros, o que tínhamos pensado em gastar para a família, vamos gastar apenas em dois”, afirma Mariana Gastaldo, bancária, que embarca para a Europa no próximo mês.

O sonho do casal Rafael e Cintia Savo de viajar para Budapeste teve de ser novamente adiado. Devido à alta nas passagens aéreas, eles tiveram que recalcular a rota e optaram por dois roteiros nacionais. “Nossa ideia era uma viagem internacional para conhecer Budapeste. Porém, devido à explosão dos preços nas passagens aéreas, escolhemos dois destinos no Brasil. Passamos seis noites em um resort na Bahia e cinco noites em Gramado com o preço apenas das passagens internacionais. Se fôssemos para fora, como planejado inicialmente, ainda teríamos as despesas de passeios, alimentação e hospedagem”, conta Cintia, que é especialista em comunicação corporativa. Pela viagem à Europa, o casal teria que desembolsar quase R$ 20 mil em passagens áreas. “Apenas nas passagens para a Europa, teríamos um custo de 16 mil aproximadamente, por isso escolhemos ir para a Bahia e Gramado, para encaixar a viagem no bolso”, completa.

ALTERANDO ROTA Cintia Savo teve que adaptar seus planos de viagem por conta da alta dos preços (Crédito:Gabriel Reis)


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O setor se defende e diz que está procurando evitar repassar os aumentos. A Agência Nacional de Aviação (ANAC) divulgou que apesar desse cenário de alta dos custos, a tarifa aérea doméstica teve elevação inferior ao do combustível e do dólar, com variação de 21% no mesmo período. Do total de passagens aéreas comercializadas no 1º trimestre, 35,9% custaram menos de R$ 300. As tarifas de até R$ 500 responderam por 24,8%, totalizando 60,7% de bilhetes por menos de R$ 500. “Os dados da ANAC mostram a eficiência e o esforço das empresas aéreas, que sempre buscam não repassar integralmente a alta dos custos para o consumidor, em meio a um cenário de disparada do Custo Brasil e de inflação em alta. Vale lembrar que o querosene de aviação responde por mais de 30% dos custos do setor, que por sua vez tem uma parcela superior a 50% dolarizada”, argumenta o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Eduardo Sanovicz.

A LATAM alega que o preço das passagens aéreas segue sendo impactado pela escalada contínua do preço dos combustíveis. “Entre 1º de janeiro e 1º de junho, a alta no combustível chegou a 64,3% no Brasil e essa conjuntura afeta diretamente os custos de operação, a precificação das passagens e a própria retomada do setor aéreo. Esse percentual ainda não reflete todo o aumento esperado no querosene para os próximos meses, podendo afetar ainda mais os preços das passagens.”

Luz no fim do túnel?

Em contrapartida, agências de turismo observaram uma descompressão da demanda por viagens que havia sido reprimida pela pandemia. Nesta semana, a CVC divulgou dados mostrando que as reservas confirmadas do mês de maio alcançaram o maior volume em um único mês desde janeiro de 2020. “As reservas confirmadas no bimestre abril/maio já equivalem a 152% das registradas em todo o 2º trimestre de 2021”, diz Viviane Piovarcsik, gerente executiva de vendas da CVC. Esse crescimento nas reservas confirmadas, de acordo com a operadora de turismo, se deve, principalmente, à flexibilização de restrições para viagens nacionais e internacionais. “A diminuição da restrição de entrada em diversos países, ampliação da vacinação e queda da Covid estão impulsionando o turismo, que está em retomada gradativa”, conclui Piovarcsik.

“Empresas aéreas buscam não repassar a alta dos custos ao consumidor” Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR (Crédito:Divulgação)