O republicano com vocação para autocrata Donald Trump não é mais inquilino da Casa Branca – realidade que a civilização agradece. Prefeitos, governadores e parlamentares democratas e conservadores seguem, no entanto, não se entendendo sobre a questão da imigração.

SOLIDARIEDADE O prefeito Eric Adams: vinte mil acolhimentos desde maio (Crédito:Seth Wenig)

O prefeito de Nova York, Eric Adams, democrata e ex-policial, decretou na semana passada estado de emergência afirmando que já não dá conta dos milhares de imigrantes latino-americanos que chegam à cidade em busca de asilos e albergues — no cofre da Prefeitura há US$ 1 bilhão reservado para acudir essas pessoas, mas é dinheiro curto.

“Nossa compaixão é ilimitada, mas nossos recursos não”, disse Adams. “Acolhemos vinte mil indivíduos desde maio”. Devido ao fato de Trump não ter sido reeleito e também porque os democratas sempre se opuseram a sua política de proibir a entrada de imigrantes, os conservadores decidiram retaliar: tanto o governador do Texas, Greg Abbott, quanto o da Flórida, Ron DeSantis, encaminham a Nova York quem ingressa em seus territórios. Usam desvalidos como meio de vingança ideológica e partidária.

Um excelente livro sobre populismo

13 DE MARÇO DE 1964 O ex-presidente João Goulart e a ex-primeira-dama Maria Thereza: carisma e ligação direta com o povo no comício das reformas, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro (Crédito:Arquivo/Agência O Globo)

Da expressão populismo apropriaram-se a direita e a extrema direita, a esquerda e a extrema esquerda. Para colocar as idéias no lugar desembarcou nas livrarias uma obra inteligente na teoria e muito bem fundamenta nos conceitos.

Chama-se Do que falamos quando falamos de populismo, de autoria dos cientistas políticos Thomás Zicman de Barros e Miguel Lago. Livro de vital importância, sobretudo às vésperas das eleições em um País cada vez mais dilacerado politicamente por extremismos.

Há um relativo consenso na sociologia: no Brasil o populismo teve início com a revolução de 1930, que afastou do poder a oligarquia agrária de São Paulo e Minas Gerais e alçou Getúlio Vargas ao comando da Nação. O populismo caracteriza-se, basicamente, por dois pontos: carisma do líder populista e relação direta do governante com o povo, embora tal relação devesse ser institucionalizada. João Goulart, herdeiro de Getúlio nas urnas e na ideologia, também se constituiu em grande símbolo do populismo brasileiro.

A pobreza e o enterro de uma ironia britânica

BRINCADEIRA Michael Young: a sua piada virou dogma (Crédito:Divulgação)

Estudo inédito do Grupo de Avaliação de Políticas Públicas e Econômicas (Gappe), pertencente à UFPE, mostra que filhos de famílias pobres possuem somente 2,5% de chance de ascensão social e de melhoria de renda em uma única geração.

Em contrapartida, 50% dos filhos dos 20% mais ricos seguem no topo da pirâmide. Em relação à perenidade na pobreza o percentual é gritante. Fica assim enterrada a teoria da meritocracia.

Hoje levada a sério e utilizada para assegurar que a mobilidade social depende apenas de esforço próprio, a teoria da meritocracia nasceu como piada, em 1958, em um romance do sociólogo e político britânico Michael Young. O livro intitula-se The rize of meritocracy.

Era puro sarcasmo a denunciar a indiferença dos poderosos. O estudo atual foi desenvolvido por Diogo Britto, Alexandre Fonseca, Paolo Pinotti, Breno Sampaio e Lucas Warwar, integrantes do Gappe.

Mais uma ameaça nuclear da Coreia do Norte

PERIGO Mísseis norte-coreanos em testes: maior poder de destruição (Crédito:KCNA VIA KNS)

Uma semana após realizar testes com o lançamento de míssil balístico que sobrevoou o espaço aéreo japonês, a Coreia do Norte repete a experiência. Agora, no entanto, com dois artefatos de guerra que tem maior alcance territorial e capacidade nuclear.

Kin Jong-un, líder supremo do país, supervisionou pessoalmente a operação. Segundo a agência estatal de comunicação, o objetivo do trabalho é aumentar a eficiência e o poder de combate das armas nucleares táticas do Exército Popular norte-coreano.

“Estamos preparados para enfrentar nossos inimigos”, disse Kin Jong-un. Até a quinta-feira 13 não houve pronunciamento oficial dos EUA, mas a Coreia do Sul confirmou que os mísseis passaram pelo céu de uma de suas províncias.