A Caxemira é um “assunto interno”, afirmou nesta quinta-feira o governo indiano, um dia depois do Paquistão expulsar o embaixador da Índia em represália à revogação da autonomia constitucional deste estado, decidida pelo governo nacionalista de Narendra Modi.
“Os recentes acontecimentos vinculados ao artigo 370 (da Constituição indiana) são um assunto interno da Índia”, afirmou o ministério indiano das Relações Exteriores em um comunicado, que critica “ações unilaterais” do Paquistão.
“A intenção por trás desta medida é mostrar ao mundo uma imagem alarmante de nossas relações bilaterais”, completa a nota.
Islamabad anunciou na quarta-feira a expulsão do embaixador indiano no Paquistão e convocou seu embaixador em Nova Délhi.
O governo paquistanês também suspende o comércio bilateral, uma medida simbólica em função dos limitados vínculos comerciais entre os países, que já entraram em guerra três vezes, duas delas pela disputa da Caxemira.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pronunciará um discurso nas próximas horas para explicar a decisão anunciada na segunda-feira de revogar de forma unilateral a autonomia constitucional da Caxemira, algo que pode incendiar a região conturbada que também é reivindicada pelo Paquistão.
O Parlamento indiano aprovou em seguida a divisão do estado da Caxemira em dois territórios administrados diretamente por Nova Délhi.
A Caxemira está isolada do resto do mundo desde domingo, com as comunicações bloqueadas, o comércio fechado e as ruas desertas, após a mobilização de dezenas de milhares de soldados indianos.
Mais de 500 pessoas foram detidas na Caxemira indiana desde o início da crise, informou a imprensa.
Empresários, ativistas e professores universitários estão entre as 560 pessoas detidas nas cidades de Srinagar, Baramulla e Gurez, de acordo com a agência de notícias Press Trust of India e o jornal India Express.
Algumas detenções aconteceram durante operações policiais noturnas.
Apesar da forte presença das forças de segurança e da proibição de manifestações e deslocamento, alguns protestos esporádicos foram registrados na cidade de Srinagar, reduto da contestação contra a Índia.
Um manifestante morreu depois de ser perseguido pela polícia na Caxemira indiana, confirmou na quarta-feira uma fonte policial.
A agência de segurança aérea indiana pediu aos aeroportos que reforcem os dispositivos de segurança e advertiu que a “aviação civil pode ser um alvo fácil de ataques terroristas”.
A Caxemira está dividida entre Índia e Paquistão desde a independência do império colonial britânico em 1947.