Catalunha tem manifestação por ‘Tabarnia’, região fictícia anti-separatista

Milhares de catalães favoráveis a permanecer na Espanha se manifestaram neste domingo (4) em Barcelona para reivindicar a “Tabarnia”, uma região fictícia idealizada para combater os argumentos do separatismo e, em caso de secessão, tentar se separar da Catalunha.

Segundo a polícia municipal, o protesto reuniu 15 mil pessoas, enquanto organizadores calcularam entre 175 mil e 200 mil participantes.

A sátira se popularizou após as eleições regionais de 21 de dezembro, que deram maioria absoluta aos separatistas.

“Tabarnia foi um despertar para muitos que, por anos, ficaram calados com medo de serem chamados de traidores, ou de maus catalães, por não quererem a independência”, explicou à AFP, dias antes, o porta-voz da Plataforma por Tabarnia, Jaume Vives.

Em sua primeira manifestação, encheram o centro de Barcelona com bandeiras espanholas e as recém-criadas para esta região, que fica nas zonas metropolitanas de Tarragona e Barcelona, áreas com menos força do separatismo, em relação às rurais Girona e Lleida.

“Estamos fartos, fartos do processo separatista, de que uma minoria nos conduza ao despenhadeiro”, afirmou Mari Carmen Guerrero, gerente administrativa de 33 anos, com uma bandeira de Tabarnia.

“A independência seria letal para a Catalunha”, define José Luis Cortés, comerciante aposentado de 72 anos. “Eu sou catalão, falo catalão, mas não sou separatista. A Espanha não é uma maravilha, mas não quero essa república”, afirmou.

A piada satírica se apropria dos argumentos do separatismo e os utiliza em benefício próprio: a Catalunha rural é sustentada pela urbana, os dirigentes não escutam a opinião dos “tabarnenses”, a Tabarnia tem direito a um referendo para ficar na Espanha, entre outros.

A brincadeira ganhou força nas redes sociais e com o apoio de políticos, e seus defensores criaram uma bandeira, um escudo, uma moeda e até um governo da região fictícia.

“Nós somos um espelho deles. Se criticam o absurdo de nossa iniciativa, estão atacando seus próprios argumentos”, garante Vives.