Brasil diz ‘deplorar’ medida de Israel de bloquear ajuda a Gaza

Tendas são espalhadas no bairro de Al-Shujiyya, na Cidade de Gaza
Tendas são espalhadas no bairro de Al-Shujiyya, na Cidade de Gaza Foto: Omar AL-QATTAA / AFP

BRASÍLIA, 4 MAR (ANSA) – O governo brasileiro, através de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, lamentou a suspensão da entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e afirmou que “deplora” a decisão de Israel.

A medida do gabinete do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, foi tomada no último domingo (2), após a conclusão da primeira fase do cessar-fogo no enclave palestino. As negociações, contudo, seguem travadas.

“O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor. Ao exortar à imediata reversão da medida, o Brasil recorda que Israel tem obrigação de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos. A obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário”, diz a nota do Palácio do Itamaraty.

No comunicado, o Brasil também instou as partes envolvidas “ao estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e ao engajamento nas negociações a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala”.

Em meio ao duro comunicado do Brasil em relação ao episódio, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, pediu a “desmilitarização completa” de Gaza para permitir a entrada da segunda fase do acordo de cessar-fogo.

“A ajuda humanitária se tornou a principal fonte de renda do Hamas em Gaza. Eles usam esse dinheiro para o terrorismo, restaurar suas capacidades e trazer mais jovens terroristas para sua organização”, acusou Sa’ar.

Já Sami Abu Zouhri, líder do Hamas, declarou à AFP que a ideia de desarmar o movimento islâmico é uma “linha vermelha” e um “absurdo”. (ANSA).