Biden foca em assuntos domésticos em Discurso da União

WASHINGTON, 8 FEV (ANSA) – O presidente norte-americano, Joe Biden, fez nesta terça-feira (7) o tradicional “Discurso do Estado da União” e abordou diversos assuntos de política interna como a defesa do direito ao aborto e a taxação de ricos. Já os temas internacionais ficaram em segundo plano.   

A fala começou pedindo união, ressaltando que “se trabalhamos juntos no último Congresso, não há motivos para não fazermos isso de novo”. “As pessoas nos enviaram uma mensagem clara nas eleições [de novembro de 2022]. A luta pela luta, o poder pelo poder, o conflito pelo conflito não nos levam a nenhuma parte.   

Essa sempre foi a minha visão para o país: retomar a alma dessa nação, reconstruir a espinha dorsal que é a classe média para unir a nação”, disse aos presentes.   

Biden ainda afirmou que a democracia norte-americana “está ferida, mas permanece forte e intacta” e que os EUA “estão saindo da crise mais forte do que quando entraram”.   

Sobre a economia, o democrata apontou os bons números de desemprego e crescimento dos últimos meses e afirmou que seu governo está “construindo uma economia em que ninguém é deixado para trás”. “O meu plano econômico olha para investimentos em locais e para pessoas que foram esquecidas. Durante os anos de agitação econômica das últimas quatro décadas, muitas pessoas foram deixadas para trás ou tratadas como se fossem invisíveis”, pontuou.   

“Estamos aqui para terminar o trabalho”, acrescentou ainda.   

O mandatário chegou a ser vaiado em alguns momentos por republicanos o fazer críticas ao seu antecessor, Donald Trump, dizendo que foi o líder nacional que mais aumentou a dívida norte-americana. A oposição tenta impor uma espécie de teto de gastos em um projeto que está sendo debatido sobre seguridade social para os mais vulneráveis.   

Sobre o projeto de taxação dos mais ricos e das maiores empresas, Biden pediu que o Congresso avalie as mudanças porque o atual sistema fiscal “não é equilibrado” e “os ricos precisam pagar a sua cota”. “Nenhum bilionário deveria pagar uma taxa de imposto menor do que um professor ou um bombeiro”, disse.   

O presidente também voltou a abordar a questão das mudanças climáticas, uma de suas bandeiras de atuação, afirmando que é preciso agir porque “todos têm a obrigação, não para nós mesmos, mas para nossos filhos e netos, de enfrentar o tema […] que é uma ameaça existencial”.   

Ainda falou sobre a questão do direito ao aborto, em medida que foi revogada em âmbito federal pela Suprema Corte em junho do ano passado e que agora é questão dos estados.   

O chefe da Casa Branca pontuou também sobre a violência policial contra os negros, dizendo que sabe “que a maioria dos policiais e suas famílias são pessoas boas, decentes e honradas que arriscam suas vidas sempre que põem o uniforme”.   

“Mas, o que aconteceu com Tyre [Nichols], em Memphis, acontece com muita frequência – e precisamos fazer melhor”, disse sobre o jovem de 29 anos assassinado por quatro policiais durante uma abordagem.   

Ucrânia e China – Os temas internacionais foram falados de maneira mais rápida do que o previsto e os dois principais focos foram a guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia e a crise com a China.   

Segundo Biden, os EUA “estarão ao lado da Ucrânia até que seja necessário” e definiu a “brutal agressão russa” como um “teste para os anos que estão por vir tanto para nós como para o mundo”.   

“A nossa nação está trabalhando para mais liberdade, mais dignidade, mais paz, não só na Europa, mas em todo o lugar”, disse citando a embaixadora de Kiev em Washington, Oksana Markarova.   

Já sobre a China, que tem sido muito falada no país por conta do envio de um “balão espião” abatido na última semana, Biden afirmou que Pequim está “ameaçando a nossa soberania” e que “como mostramos, agiremos para proteger o nosso país – assim como fizemos” no caso do balão. (ANSA).