Chico Buarque de Holanda recebeu, com quatro anos de atraso, o Prêmio Camões 2019, em Portugal, nessa segunda (24).

Ao lado do presidente Luis Inácio Lula da Silva, ele discursou e, além de agradecer pelo reconhecimento como artista, o músico mencionou o termo “reparação histórica”.

“Recuando no tempo em busca das minhas origens, recentemente, vim a saber que tive por duodecavós paternos, o casal Shemtov ben Abraham, batizado como Diogo Pires, e Orovida Fidalgo, oriundos da comunidade barcelense. A exemplo de tantos cristãos-novos portugueses, sua prole exilou-se no Nordeste brasileiro do século XVI. Assim, enquanto descendente de judeus sefarditas perseguidos pela Inquisição, pode ser que algum dia eu também alcance o direito à cidadania portuguesa a modo de reparação histórica”, declarou.

Apesar de alguns ouvintes não saberem, o momento atual tem aberto oportunidades para esses, como dito por Chico, judeus sefarditas e seus descendentes requererem reparação histórica.

O que é judeu sefardita

No mundo, estima-se que a população judaica seja de, aproximadamente, 14 milhões de indivíduos. No Brasil, o censo do IBGE de 2010 calculou 107.329 judeus – aqui reside a maior comunidade judaica na América Latina e a 11ª maior do mundo. No entanto, acredita-se ainda que cerca de 1/5 da população brasileira tenha alguma ligação genética ancestral com judeus sefarditas.

Nesse momento, muitos projetos têm buscado a reconexão e a redescoberta da identidade dos Bnei Anusim (em hebraico, בן אנוסים – filhos dos forçados ou filhos dos marranos), que são descendentes dos judeus expulsos da península ibérica (Portugal e Espanha), nos séculos XVI e XVII, por força de Decreto Real.

Esse grupo teria migrado em massa para países como o Brasil e a Argentina e forçado a abandonar o judaísmo.