Após alerta de Israel, polícia mira elo de fintech do PCC com grupos terroristas

Após alerta de Israel, polícia mira elo de fintech do PCC com grupos terroristas

Na teia de relacionamentos suspeitos da 2Go Instituição de Pagamento Ltda constam grupos terroristas. A fintech teria sido usada para lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que deflagrou nesta terça-feira, 25, a Operação Hydra para aprofundar a investigação.

O Estadão pediu manifestação da 2Go Instituição de Pagamento Ltda, via e-mail. O espaço está aberto para manifestação.

Foram identificadas transações financeiras com organizações terroristas por meio de criptomoedas. O Ministério Público tomou conhecimento de um comunicado do Ministério da Defesa de Israel sobre a existência de carteiras de ativos digitais e contas digitais que “seriam operacionalizadas para movimentação de criptomoedas com fins de perpetração de crimes de terrorismo”. A 2Go teria ligação com as contas.

A conexão foi descoberta depois que o Banco Topázio identificou transações entre a 2Go, que é sua cliente, e as carteiras digitais (wallets) elencadas no comunicado do Ministério da Defesa de Israel. O banco não é investigado, colabora com o inquérito e notificou as autoridades.

Os promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, afirmam que a ligação demonstra “como a empresa proporciona condições apropriadas para a movimentação dos recursos das mais variadas origens ilícitas”.

Além da 2Go, a fintech Invbank Solução de Pagamentos também é alvo da investigação. O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, dono da Invbank, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.

A investigação que levou a PF e o Ministério Público a abrirem a operação teve como ponto de partida a delação premiada do corretor de imóveis Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, executado no aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024.

Segundo o MP, as fintechs direcionavam depósitos para contas de “laranjas” controladas pelas próprias empresas e, depois, transferiam o dinheiro para a compra de imóveis e outros bens ou para contas no exterior, dificultando a fiscalização por órgãos de controle, como o Banco Central e a Receita Federal.

Uma rede de laranjas e operadores que teriam sido usados pelas fintechs foram identificadas pelas autoridades. A lista inclui um pedreiro e um beneficiário do auxílio emergencial da pandemia, além de réus por roubo, lavagem e tráfico.