Foi dada mais uma largada na corrida pela ampliação da conquista espacial. De olho na Lua, a China lançou na quarta-feira 24 a sonda ChangE, e fez isso no mesmo dia em que os americanos mandaram o seu Discovery para outra missão na Estação Espacial Internacional. Recentemente, o Japão se fez notar lançando o satélite Kaguya. E a Índia, por sua vez, também já afirmou que tem alta tecnologia e, mais que isso, está com “tudo pronto” para ingressar nessa disputa. Há olhos asiáticos, por enquanto, apenas cercando a Lua. A finalidade de todas essas missões, porém, vai além da simples pesquisa a distância – China e Japão querem posar no solo lunar e quebrar a exclusividade dos EUA, que ousaram fazer isso nos anos 1960. Naquela época, conquistar o espaço era uma extensão da guerra fria que acontecia cá embaixo entre soviéticos e americanos. O que está em jogo agora é a hegemonia tecnológica: os asiáticos não pretendem somente fincar uma bandeira em solo lunar. Querem competir diretamente com os americanos e conquistar de vez o satélite da Terra.

“Temos muito orgulho de nosso projeto”, declarou Li Guoping, porta-voz da Administração Nacional Espacial da China. A sonda ChangE já nasce com significado, até místico, para a população chinesa – o seu nome homenageia uma fada que, segundo a lenda, viajou à Lua. No programa espacial, a Chang sonda subiu com a ajuda do foguete Longa Marcha 3A e deverá entrar em órbita lunar definitiva no dia 5 de novembro, a 380 mil quilômetros de distância da Terra. “Nosso equipamento captará imagens em três dimensões. Mapearemos toda a Lua”, disse Guoping.

Para vasculhar cada “poeira” do solo lunar, engenheiros chineses turbinaram a sonda com câmeras em 3D e espectômetros de raios X, capazes de ampliar e mandar diariamente dezenas de imagens para a base terrestre. Essa será a primeira parte da missão. A segunda etapa, prevista para 2020, tratará de enviar ao solo lunar um jipe não tripulado, com seis rodas e pouco mais de um metro de altura, para que sejam recolhidas e analisadas as partículas que compõem o satélite da Terra. Estarão sendo dados, assim, subsídios para o objetivo final dos chineses: missões tripuladas e a conquista definitiva da Lua. Detalhe importante: tudo isso se desenrolará numa acirrada disputa tecnológica com os japoneses e seu programa espacial Selene, considerado o mais ambicioso desde a missão americana Apollo.