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Com a crise política dando sinais de trégua, o governo avalia que as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff hoje serão menores que os protestos de março e abril, mas nem por isso menos preocupantes. Embora as ameaças de impeachment tenham esfriado nesta semana, após ações do Palácio do Planalto, do Senado e até do Judiciário, o temor é de que haja confronto nas ruas, provocando um clima de instabilidade no País.

Os movimentos que lideram os protestos fazem outra aposta. Avaliam que as manifestações subirão de patamar e serão mais incisivas. Segundo eles, 251 cidades serão palco dos atos.

Números à parte, a percepção do Planalto é que a nova leva de passeatas virou uma prova de fogo para Dilma e o PT. Se o movimento for incipiente, o governo poderá respirar mais aliviado, tentar virar a página da crise e do ajuste fiscal e montar uma “agenda positiva”, apesar da Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção na Petrobrás. Se a temperatura das ruas for mais alta, porém, o diagnóstico pode ser perigoso.

Dilma desautorizou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que na quinta-feira convocou um “exército” de “armas na mão” contra tentativas de se afastar a presidente, em ato no Planalto. Duas horas depois, foi cobrado pela presidente, que considerou a declaração “desastrosa”, por incitar a violência e atear fogo na crise na semana em que a tese da ruptura perdeu força. O sindicalista disse que havia usado uma “figura de linguagem”. No dia seguinte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Freitas “errou” de forma involuntária.

São Paulo

Pouco antes do meio-dia, manifestantes já se concentravam na região da Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A via estava fechada ao trânsito de veículos. Apesar disso, às 14h, ainda havia vários pontos vazios, como em frente ao próprio MASP, tradicional ponto de aglomeração. Perto das 16h, os manifestantes ocupavam por volta de dez quarteirões. O movimento, entretanto, era claramente menor do que nos protestos de março e abril de 2015. A Polícia Militar informou que faria a contagem e divulgaria os números no fim da tarde.

A bandeira verde e amarela com a frase "Impeachment já", presente em diversas capitais do Brasil, também marcou presença no protesto em São Paulo.

A antropóloga e professora aposentada Joana Rios, de 68 anos, diz que o impeachment é pouco. Ela foi ao protesto em SP para pedir a intervenção militar. "Se conclamada pelo povo, a intervenção é constitucional", disse. "No tempo da ditadura as universidades eram muito melhores que as de hoje", defendeu. Junto a ela estam dois netos – Lucas, de seis anos, e Tomás, de 3. A manifestação, ao menos no início, tem caráter familiar e participantes de classe média alta.

O hino "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré ganhou uma nova versão no carro de som do movimento Pátria Amada, estacionado na avenida Paulista. "Dilma, vá embora, que o Brasil não quer você. E leve Lula junto, vagabundos do PT".

O empresário Geraldo Coutinho, 47 anos (foto), resolveu assumir o apelido dado pelos críticos dos protestos. Fantasiou-se de coxinha e disse: "Faremos um exército de coxinhas."

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Em meio aos protestos contra a presidente Dilma Rousseff e contra o PT na Avenida Paulista, alguns manifestaram apoio ao governo. Cartazes em pontos de ônibus, colados por militantes do Partido da Causa Operária, traziam os dizeres "Abaixo o Golpe, Impeachment não" desde a noite de sábado. Alguns foram arrancados e pichados por manifestantes que querem a saída da presidente. Outros levaram às ruas hoje faixas dizendo "Fica Dilma" e "Não ao Golpismo", mas a maioria dos manifestantes é contrária ao governo federal.

Uma das administradores do movimento Revoltados Online, a advogada Beatriz Kicis, de 52 anos, diz que há motivos de sobra para pedir o impeachment da presidente Dilma. "Houve omissão nos casos da Petrobras e do BNDES. E há as pedaladas fiscais", disse. Moradora de Brasília, Beatriz veio a São Paulo só para participar do ato. O economista Paulo Melo, de 52 anos, diz que não sabe ainda qual é o presidente ideal para o País, mas que o primeiro passo é tirar o PT do poder. "Vai surgir o presidente ideal na hora certa".

O protesto também serviu para alguns dos movimentos organizadores fazerem caixa. O "Acorda Brasil", por exemplo, contratou modelos para ajudar na venda de bonés e camisetas (foto abaixo).

Por volta das 17h, os manifestantes da Avenida Paulista já se dispersavam.

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Fortaleza

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) participou da manifestação em Fortaleza, capital do Ceará. Os participantes se diziam contra a corrupção e contra o governo Dilma. Saudado como "Guerreiro do povo brasileiro" e "Bolsonaro, presidente", ele circulou pela Praça Portugal sendo sempre bastante assediado para selfies. Em entrevista ao Estadão, disse que, por ele ,seriam convocadas novas eleições presidenciais. Os organizadores fizeram questão de ressaltar que não convidaram Bolsonaro para o protesto. Ele rebateu dizendo que não precisa de convite para protestar contra a corrupção no País.

Vitória

Às 14h30, o movimento na Praça do Papa, em Vitória, ainda era pequeno. Timidamente as pessoas vão chegando, vestidos com camiseta amarelo e segurando bandeiras do Brasil. Cinco trios elétricos chamam a atenção das pessoas com músicas de letras contra o PT. "Ole, ole, vamos pra rua derrubar o PT", diz uma das letras. A pensionista Jussara Tomás, 59 anos, está na luta para derrubar a presidente. "Não temos saúde, educação ou segurança. Aqui no Brasil só há corrupção. Ou a Dilma caiu ou a gente se afunda", disse, indignada.

Porto Alegre

Na capital gaúcha, segundo a Polícia Militar, 20 mil pessoas participaram da mobilização. A bandeira do "Impeachment já" era carregada por centenas de pessoas, que também gritavam palavras de ordem contra a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. A chuva leve sobre Porto Alegre prejudicou o movimento, segundo os organizadores.

Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Movimento Vem pra Rua cantaram músicas em defesa do impeachment e de oposição ao PT do alto de três carros de som. O ex-presidente Lula também foi alvo de críticas. No chão, outros participantes seguravam cartazes com dizeres como "golpista é o governo" e "basta de corrupção". Em meio à multidão havia muitas bandeiras do Brasil e nenhuma bandeira de partidos políticos.

Curitiba

Na capital do Paraná, a manifestação iniciou pouco depois das 14 horas. Na região central da cidade, onde se realizam os principais atos políticos no Estado, o Movimento Brasil Livre saiu em passeata para a Boca Maldita. A PM informou que aproximadamente 20 mil pessoas estiveram em todo o trajeto. Anacleto Chamano, 69 anos, foi às ruas para protestar contra a corrupção. "Muitas pessoas não têm educação, saúde e outros serviços por causa do dinheiro da corrupção, que vai para outros lugares, o bolso de muita gente do governo e dos políticos", reclamou.

Florianópolis

Na capital de Santa Catarina, o protesto, que deveria começar às 15h, acabou atrasando por causa da baixa presença. Apenas às 16h os carros de som e os manifestantes começaram a se deslocar pela orla de Florianópolis.

Porto Velho

Marcado para iniciar às 14h, o protesto em Porto Velho, Rondônia, contava com um pequeno público de pouco mais de 40 pessoas às 16h30. Os organizadores alegam que o forte calor de 38 graus dificultou a participação da população. O movimento esperava cerca de 10 mil pessoas. A Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia – Glomaron, que encabeça o abaixo assinado "Corrupção Nunca Mais", está apoiando o movimento na capital rondoniense. Esperando que a temperatura diminua, os organizadores pretendiam iniciar a passeata às 17h (horário local).

Brasília

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Segundo a PM, na manhã deste domingo, cerca de 25 mil pessoas se reuniam em Brasília para protestar contra o governo. Segundo os organizadores, eram 80 mil. A Polícia Militar colocou 2 mil homens na Esplanada dos Ministérios para acompanhar osatos. Eles foram aplaudidos pelos manifestantes quando chegaram ao local. Pouco antes das 14h, o movimento já estava praticamente encerrado.

A maioria dos manifestantes se concentrava em frente ao Congresso Nacional, onde muitos cantaram o hino do Brasil. Um boneco inflável representando a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como presidiário chamava a atenção.

O aposentado Paulo Alves, de 82 anos, foi um dos manifestantes. Ele defende a saída da presidente Dilma Rousseff por meio de impeachment, mas critica o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Infelizmente, o presidente Eduardo Cunha deve seguir no cargo para conduzir o processo de impeachment de Dilma", afirma. Como o processo de impeachment seria político, o aposentado diz que não haveria a necessidade de novas eleições, com a Presidência da República sendo assumida pelo vice-presidente Michel Temer.

Comerciantes que se aglomeram logo na entrada da Esplanada dos Ministérios, vendendo bandeiras do Brasil, camisetas, chapéus e até "paus de selfie", se preparavam para amargar prejuízo na manifestação deste domingo.O casal Juvenal e Francisca de Sousa levou para o protesto 150 das 800 bandeiras que compraram pra vender na Copa do Mundo. As bandeirinhas custavam R$ 5 cada. Eles chegaram cedo ao local, mas até o final da manhã haviam vendido apenas três. Já os "paus de selfie", a R$ 40, não tiveram nenhuma saída. "Está ruim o movimento. O povo está sem dinheiro. Lula e Dilma roubaram tudo e botaram na panelinha deles", protestou Juvenal. O ambulante Fávero Lúcio também se queixa das vendas fracas. Em março, na primeira manifestação do ano contrária ao governo, ele disse ter conseguido faturar R$ 890. No segundo protesto, o faturamento caiu a menos da metade e hoje, até o fim da manhã, tinha recebido apenas R$ 170 na venda de bandeiras e bonés do Brasil. "A Dilma deveria instituir o evento uma vez por mês: o ‘Domingão na Esplanada’. Isso aqui não é protesto, é encontro cultural", brincou.

Rio de Janeiro

Ao menos 5 mil pessoas, segundo a PM, caminharam em Copacabana em protesto contra a presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes que se concentravam na orla, na altura do posto 5, iniciaram deslocamento em direção ao Leme. Quatro carros de som contratados a cerca de R$ 2 mil cada um por grupos contrários à presidente Dilma ecoavam palavras de ordem pelo impeachment, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de exaltação ao juiz Sérgio Moro. Cada carro tinha suas bandeiras próprias e sistema de som independente, de modo que as vozes dos organizadores se confundiam. Havia manifestantes que seguravam faixas pedindo a intervenção militar “constitucional” e outros com cartazes críticos quanto à posição do governo federal em relação ao aborto e à redução da maioridade penal. A aposentada Ângela Marques, de 62 anos, se disse favorável à entrada dos militares, “mas pacificamente, não como foi no passado”. “Sem violência nem censura. Depois eles convocam novas eleições”.

O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) foi um dos poucos políticos presentes à manifestação na praia de Copacabana. Ele disse que seu pai, o deputado federal Jair Bolsonaro, do mesmo partido, não foi ao protesto porque preferiu prestigiar a manifestação de hoje à tarde em Fortaleza (CE). Jair Bolsonaro foi uma figura de destaque na manifestação de 15 de março contra Dilma, atraindo pedidos de fotos e palavras de apoio. "Estou aqui sendo coerente com a minha história, contra o governo mais corrupto da história do País. Meu pai foi para o Nordeste mesmo tendo recebido convites para a as manifestações do Rio e de São Paulo. Ele já é conhecido nacionalmente", declarou.

Na praia de Copacabana, manifestantes começaram a se dispersar por volta das 14h45. Alguns organizadores ainda falavam no alto do carro de som, mas os participantes não estavam mais aglomerados. O protesto começou por volta de 11h e percorreu cerca de dois quilômetros na pista junto à areia da praia da Avenida Atlântica. Um homem foi agredido e teve de deixar o local com escolta da polícia após manifestar apoio a Dilma e Lula

Belo Horizonte

A Polícia Militar estimou em 6 mil o número máximo de pessoas na manifestação contra a presidente Dilma Rousseff na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Anteriormente, a PM chegou a falar em 10 mil participantes, mas corrigiu o número. Conforme a corporação, pouco depois do meio-dia, as pessoas começaram a ir embora. Depois de caminhar rapidamente entre os manifestantes, o senador Aécio Neves (PSDB) deixou a praça.

Em entrevista antes de subir no caminhão de som , Aécio afirmou ter ido à Praça da Liberdade como cidadão "participar desse momento extraordinário da vida brasileira". Ele disse ainda estar "indignado com a mentira, com a corrupção, com a mentira, com a incompetência desse governo".

Uberlândia (MG)

O protesto em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, reuniu cerca de 3,5 mil pessoas na área central da cidade nesta manhã, segundo a Polícia Militar. Nas contas dos organizadores foram mais de 6 mil manifestantes. Eles se concentraram na Praça Tubal Vilela, para em seguida partir em caminhada pelas ruas centrais com gritos contra a corrupção e o governo de Dilma Rousseff. A maioria dos presentes vestiu verde e amarelo e muitos ainda portavam bandeiras e apitos. Entre outros, a organização foi dos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre.

Belém

Cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores, e 5 mil, de acordo com a Polícia Militar, percorriam as ruas centrais da capital paraense na manhã deste domingo em protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Organizada por movimentos como "Vem pra Rua", "Revoltados Online" e "Movimento Brasil Livre", a manifestação começou às 8h, na Escadinha da Estação, às margens da Baía do Guajará. Com 680 homens nas ruas para garantir a segurança dos protestos, a PM não registrou nenhum incidente. Por volta das 11h20, a caminhada atingia a avenida Visconde de Souza Franco. Em vários cartazes, levados pelos manifestantes, aparecem inscrições como "fora corruptos", "fora Dilma" e "prisão para Lula". Há protestos em outras seis grandes cidades paraenses.

Recife

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Na capital pernambucana, cerca de três mil manifestantes estavam reunidos na Avenida Boa Viagem, na orla marítima do bairro de mesmo nome, Zona Sul da cidade. Três trios elétricos e uma orquestra de frevo integravam a mobilização, que ganhou também um boneco gigante em homenagem ao juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato. Nos discursos, em faixas e cartazes a mensagens pediam o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e de seu partido. Alguns pequenos grupos também carregam faixas pedindo a intervenção militar no País.

Apesar das declarações dos organizadores de que a manifestação não conta com o apoio de partidos políticos, parlamentares de oposição ao Governo Federal circulam pelo local. Um deles é o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB). O peemedebista defendeu a renúncia da petista como forma de preservar o País. “A melhor decisão é a renúncia dela. Essa ficha tem que cair”, declarou Jarbas que também disparou contra seu correligionário, o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O Cunha tem que sair junto dela. Ou mesmo na frente dela (Dilma)”, avaliou.

A organização dos protestos, coordenada pelo Movimento Vem Pra Rua, vende camisas com as cores do Brasil por valores entre R$ 10,00 e R$ 15,00. “Nossa ideia é facilitar a vida de quem quer entrar ainda mais no clima do protesto e ao mesmo tempo angariar recursos para ajudar nas próximas manifestações”, destacou Hugo Lins, do Vem Pra Rua.

A Polícia Militar de Pernambuco não divulgou o número de profissionais de militares envolvidos no esquema de segurança e trânsito. A PM também não deve se pronunciar sobre a estimativa de pessoas presentes à manifestação. Segundo os organizadores, a expectativa é de que o ato deve reunir cerca de 30 mil pessoas no Recife.

Salvador

Na capital baiana, a Polícia Militar estimava em 5 mil o número de participantes no protesto contra o governo. Pouco mais de 300 agentes de segurança foram deslocados para acompanhar as manifestações, que ocorriam de forma pacífica. Às 13h a manifestação já estava encerrada.

São José do Rio Preto (SP)

Cerca de seis mil pessoas – segundo a Polícia Militar — participaram dos protestos em São José do Rio Preto (SP). Os manifestantes se reuniram em frente do prédio da Prefeitura, na avenida Alberto Andaló, onde os organizadores discursaram pedindo a renúncia e o impeachment da presidente à Dilma e criticaram o PT.  A PM fez operações nas proximidades para cumprir a determinação da Justiça, que proibiu que menores de 16 anos participassem dos protestos desacompanhados dos pais ou responsáveis. Nenhum menor havia sido encontrado até as 11 h. A passeata foi que a reuniu menos pessoas entre os protestos a favor do impeachment desde o começo do ano. A primeira, em 15 de março, segundo a PM, teve 11 mil pessoas; a segunda, em 12 de abril, 9 mil.

Bauru (SP)

Poucos políticos locais e alguns líderes sindicais participaram dos protestos em Bauru, interior de São Paulo, que terminou por volta das 11h30. A manifestação foi a menor das três realizadas em Bauru; em 15 de março foram 12 mil pessoas; e 12 de abril, 7 mil. Nenhuma ocorrência grave foi registrada, segundo o serviço do Copom da PM.

Hoje, os organizadores dos protestos usaram a Marcha da Família, uma passeata promovida pela Igreja Católica, para engrossar a manifestação. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas participaram dos protestos, mas em determinado trecho da passeata, que saiu às 9h30 da avenida Getúlio Vargas, a multidão triplicou para 12 mil pessoas. Isso porque os manifestantes se juntaram com outras 8 mil pessoas que participavam da Marcha da Família e faziam o mesmo percurso pela avenida. No entanto, o grupo se separou na praça Portugal, onde os manifestantes se concentraram e discursaram pedindo o impeachment e a renúncia da presidente Dilma Rousseff, e apoio às operações da Lava Jato.

‘Travessia’

Apesar do fôlego obtido no Tribunal de Contas da União (TCU), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da parceria com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para driblar ações que podem culminar em impeachment, o governo segue apreensivo. Nos últimos sete dias, Dilma fez seis discursos com menções à democracia. Aconselhada por Lula, admitiu erros na condução do governo e adotou o termo “travessia” para se referir ao cenário de turbulências, com a intenção de mostrar uma luz no fim do túnel.

“Estamos suando a camisa”, disse o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. “Independentemente do tamanho, as manifestações são importantes e temos de lidar com essa situação com naturalidade.”

Levantamento que chegou à cúpula do PT e do Planalto mostra que, embora as redes sociais indiquem mobilizações menores, a insatisfação com o governo é crescente. A popularidade de Dilma está em queda livre, seus eleitores querem que ela cumpra promessas de campanha e há desencanto. A esperança, para os petistas, é que o desgaste não significou, até agora, o fortalecimento da oposição.

O PSDB, presidido pelo senador e candidato derrotado ao Planalto Aécio Neves (MG), desta vez incentivou formalmente as convocações para os protestos e rechaça a tentativa do Planalto de carimbar a iniciativa como “golpe”. O partido, porém, se divide no apoio ao impeachment ou na tentativa de se impugnar a chapa vencedora de 2014.

O tamanho e alcance dos protestos são vistos como determinantes pela oposição. “Serão o xeque-mate: se forem um sucesso, vão dar musculatura aos políticos favoráveis ao impeachment”, disse o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Contas

Depois de isolar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao se aliar a Renan, Dilma ganhou tempo no TCU. Com a ajuda do senador, influente no tribunal, e do vice Michel Temer, o Planalto conseguiu adiar a votação das contas de 2014 para um momento de menor conturbação política. Além disso, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as contas precisam ser votadas em sessão conjunta do Congresso, formada por deputados e senadores. A medida enfraqueceu Cunha, que rompeu com Dilma após o cerco se fechar contra ele na Lava Jato.

“Terminamos a semana marcando um gol e queremos continuar assim”, resumiu o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Mas Dilma ainda terá de se acertar com os movimentos sociais. “A saída que defendemos não é com Cunha nem com Renan. É com o povo”, disse Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).