Ingressamos nessa nova era em pleno exercício da democracia e com um vigoroso ciclo de desenvolvimento econômico, gerador de empregos, de prosperidade e de maior bem-estar social. Ao pensarmos nas conquistas realizadas e nas dificuldades que tivemos de superar ao longo dos últimos anos, uma análise serena nos permite uma ponta de orgulho, sempre temperado com a humildade para reconhecermos o que falta fazer.

Orgulho de uma sociedade que, mais do que consolidar sua vida democrática, foi capaz de ampliar os mecanismos de participação social e de incorporar na agenda pública temas e perspectivas que mostram uma sociedade livre e plural, onde é crescente o número daqueles que desejam ser ouvidos.

Orgulho, ainda, de uma nação que se mostrou maior do que o desafio de uma pesada herança inflacionária e que soube defender a estabilidade de sua moeda mesmo diante de graves adversidades externas. Quando fomos surpreendidos por uma crise internacional que nos forçou a rápidas e duras medidas de ajuste, o povo brasileiro compreendeu o valor da estabilidade e venceu as turbulências. Essa vitória foi a vitória da confiança em nós mesmos e nos objetivos que queremos e temos condições de alcançar. Essa confiança é hoje reconhecida internacionalmente. Prova disso são os investimentos que estamos recebendo (US$ 100 bilhões desde 1997).

E não se pense que a retomada do crescimento – a indústria está crescendo no ano 2000 à taxa de 6,5% – se deve apenas às privatizações e ao investimento estrangeiro. Se este corresponde a cerca de US$ 30 bilhões este ano (dos quais menos de um quinto às privatizações), nosso investimento global é de 20% do PIB, quer dizer, cerca de US$ 130 bilhões. Ou seja, US$ 100 bilhões foram fruto da poupança interna. A queda que já testemunhamos nas taxas de desemprego são apenas o primeiro passo de um processo que permitirá o crescimento da renda salarial e assegurará maior prosperidade para todos. Além disso, esses investimentos significam a modernização de nossa estrutura produtiva, de nossos serviços, e uma maior capacitação tecnológica, indispensável para qualquer país que pretenda ser levado a sério no século XXI.

É preciso avançar ainda mais, inclusive no fortalecimento da poupança interna. Mas os resultados já alcançados nos dão motivação ainda maior para continuar na realização das tarefas essenciais para o nosso país, entre as quais a mais urgente e a mais prioritária é a da superação daquilo que hoje é nosso maior problema: a desigualdade social. O Brasil já aplica mais de 20% do PIB, isto é, de sua riqueza total, em investimentos sociais. Ao mesmo tempo que asseguramos e expandimos as verbas para a área social, estamos tomando as medidas para garantir maior eficiência nesse gasto, reduzindo a burocracia, assegurando transparência, garantindo que cada centavo gasto se reverta em benefício concreto para os que realmente necessitam.

O novo século começa sob o signo do otimismo. Sempre estiveram errados os que apostaram contra o Brasil. Os desafios vencidos nos inspiram no caminho a seguir. Daqui para a frente, em vez de perdermos tempo com discussões estéreis sobre falsos dilemas, como o do desenvolvimento econômico versus estabilidade, temos é que aproveitar a estabilidade alcançada para acelerar o desenvolvimento. É o que estamos fazendo e é o que faremos cada vez mais. A cada novo êxito, temos mais razões para olhar o futuro com segurança e otimismo. No século XXI, o talento e a criatividade do povo brasileiro – sobejamente demonstrados ao longo desses 500 anos de história – encontrarão, em um ambiente de democracia, estabilidade e crescimento econômico, o solo fértil que lhes permitirá florescer e frutificar, agora sem os impedimentos do passado, na construção da mais autêntica vocação de grandeza deste país: a grandeza da liberdade e da justiça.