Histórias tendo como fio condutor as letras do alfabeto não chegam a ser novidade. A fórmula, no entanto, ganha a dimensão de um bem-humorado inventário afetivo em Mulheres de A a Z (Litteris, 120 págs., R$ 20), de Hanns Pellischek. Natural da Áustria e radicado no Rio de Janeiro desde os anos 40, o escritor relata com sagacidade seus encontros e desencontros com mulheres de diferentes nacionalidades. A obsessão em registrar as iniciais dos nomes daquelas que cruzam seu caminho não o impede, porém, de exercitar sua aguda capacidade de observação.

De leitura rápida e agradável, o livro vai e vem no tempo e no espaço, aproximando pela dimensão humana cenas de Copacabana com passagens vividas na Croácia dos tempos da Segunda Grande Guerra. A exemplo de Freud, aliás citado no livro, Pellischek reconhece que não consegue entender a alma feminina. Comentário dispensável. Assim como seriam dispensáveis as sequências de consoantes que entremeiam o texto quando o escritor vive uma situação-limite.