Como se não bastassem os problemas que já enfrenta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrumou outra polêmica. Durante um discurso na cidade de Jaguaré, a 150 quilômetros de Vitória (ES) – feito após sucessivos ataques do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra o PT e seu governo –, Lula afirmou publicamente que teria mandado abafar a divulgação de uma denúncia de corrupção em uma empresa pública ligada às privatizações na era FHC. O presidente relatou que no início do governo um “alto companheiro, de uma função muito importante”, o procurou para dizer que “o processo de corrupção que aconteceu antes de nós foi muito grande. Algumas privatizações que foram feitas em tais lugares levaram a instituição a uma quebradeira”. Lula não revelou o nome do companheiro e o da instituição. Mas a declaração seguinte é que provocou reações. “Eu disse ao meu companheiro: olhe, se tudo isso que você está me dizendo é verdade, você só tem o direito de dizer para mim. Aí para fora você fecha a boca e diga que a nossa instituição está preparada para ajudar no desenvolvimento do País.”

Minutos depois, a assessoria do ex-presidente do BNDES Carlos Lessa confirmou que ele teve uma conversa com Lula em que expôs a difícil situação do banco, causada por problemas nas privatizações. Lessa confirmou que recebeu a orientação de não falar, mas negou que tenha usado a palavra corrupção. Dois líderes tucanos – o senador Arthur Virgílio (AM) e o deputado Alberto Goldmann (SP) – anunciaram que o PSDB irá processar Lula por “crime de responsabilidade e prevaricação”. Goldmann disse que o comportamento de Lula “está até sujeito a impeachment”.