O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer serviços com qualidade de Primeiro Mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-se referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma eficiente, constante e muito bem controlada. Todos os premiados, de acordo com o presidente do conselho do prêmio, o empresário e consultor Antoninho Marmo Trevisan, são ilhas de excelência que devem ser examinadas como preciosos exemplos para o restante da máquina federal.

“A excelência não é tão fácil de encontrar. Quando alguém o faz e documenta o caminho das pedras, é importante democratizá-lo para que outras organizações se beneficiem desse conhecimento,” diz Trevisan. Na cerimônia, o presidente
Lula aproveitou para alfinetar o antecessor. Para ele, Fernando Henrique
Cardoso promoveu uma versão do Estado mínimo que “menospreza
valores da convivência republicana, distorce direitos da cidadania, alimenta privilégios, exclusão e impasses”.

O prêmio promovido pelo Planejamento, destinado exclusivamente ao setor público, está entre os mais rigorosos. É que, na seleção, vale o “conjunto da obra” e não uma ação em especial, por mais eficiente e inovadora que seja. E mais: é preciso mostrar bons resultados por no mínimo três anos. Não basta, pois, ser excelente em alguns aspectos. Ao todo, são 22 itens de avaliação que incluem até a ergometria das cadeiras usadas pelos funcionários. A pontuação vai até mil. Só chega à Faixa Ouro quem consegue marcar algo entre 500 e 650 pontos. As instituições que alcançam mais de 650 pontos já são capazes de disputar o Prêmio Nacional de Gestão Pública. A metodologia é tão rigorosa que, neste ano, ninguém conseguiu levar o troféu mais cobiçado.