Fontes da Promotoria Distrital de Manhattan confirmaram a ISTOÉ que a descoberta de uma nova conta secreta manipulada pelo marqueteiro Duda Mendonça ocorreu devido às investigações da unidade de fraudes do órgão. Esta conta no Ocean Bank, de Miami, sob o número 770083533-05, teria cerca de US$ 2,2 milhões e estaria no nome de uma empresa não revelada. Pelo menos uma remessa (US$ 400 mil) teria sido feita, em março de 2002, através da casa de câmbio paulista Disk Line, utilizada por doleiros conhecidos como Dario Messer e Helio Laniado, preso no ano passado na Eslováquia.

A Polícia Federal no Brasil também investiga duas contas no BankBoston dos EUA com movimentações de US$ 1,5 milhão em nome de Duda e de sua sócia, Zilmar Fernandes, entre 1999 e 2000, antes, portanto, das remessas relativas à campanha de Lula. A intermediária das operações foi a offshore Ágata, controlada por um casal de doleiros paulista. Em setembro do ano passado, a PF pediu ao Ministério da Justiça que requeresse às autoridades americanas detalhes sobre o dinheiro, já que o escritório do promotor Robert Morgenthau mantém farta documentação sobre a lavanderia de dinheiro brasileiro. Mas o governo se arrasta nos pedidos de transferências de provas.

A promotoria de Manhattan resolveu que não prestaria cooperação informal, como vinha fazendo com autoridades brasileiras, após os desacertos entre elas no Brasil. A impressão dos americanos é a de que estavam sendo arrastados às brigas de facções políticas. O fim inócuo da CPI do Banestado serviu para reforçar a má imagem. Autoridades americanas também confirmam que receberam pressões para a não-divulgação de documentos. Soma-se a isso o modo relapso como foram feitos os pedidos de ativação do tratado de cooperação judicial bilateral.

O advogado de Duda e Zilmar, Tales Castelo Branco, diz que “se efetivamente existe” a conta, “foi aberta por iniciativa administrativa do banco” para facilitar a movimentação de recursos da Dusseldorf (conta revelada por Duda à CPI). Afirma ainda que Duda e Zilmar desconhecem as movimentações investigadas pela PF anteriores a 2002. As fontes americanas acreditam que a conta abriga dinheiro recebido do ex-prefeito Paulo Maluf, mas advertem que a soma total pode ter sido resultado de depósitos de dinheiro ganho em outros trabalhos. Duda poderá sacar o dinheiro do Ocean Bank daqui a um tempo, como o fez no caso da conta da Dusseldorf. Mas continuará o bloqueio da Justiça americana, caso ele tente retirar mais de US$ 10 mil, importância que dispara o alerta à agência do Imposto de Renda dos EUA. Foi o valor do saque que seria feito por Eduarda, filha de Duda – ela queria encerrar a conta –, e não a suspeita de lavagem de dinheiro, que motivou, em novembro, o bloqueio.