A Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (11) uma lei que endurece as regras de recrutamento, para alistar mais homens e enfrentar o avanço da Rússia, que executou um novo ataque noturno em larga escala contra infraestruturas do setor de energia.

“Durante a noite, a Rússia disparou mais de 40 mísseis e 40 drones contra a Ucrânia”, atingido “infraestruturas essenciais”, afirmou o presidente Volodimir Zelensky na rede social X.

“Alguns mísseis e drones Shahed foram derrubados com sucesso. Infelizmente, apenas uma parte deles”, acrescentou Zelensky. A Força Aérea ucraniana afirmou que derrubou 39 drones e 18 mísseis.

Segundo o presidente, que visita a Lituânia nesta quinta-feira, os russos atacaram instalações em Kiev, em Zaporizhzhia e Odessa, no sul, em Lviv (oeste) e perto da fronteira com a Polônia.

Os ataques russos deixaram quatro mortos na cidade de Mykolaiv (sul), informou o Exército ucraniano, após um balanço inicial de dois óbitos.

“O inimigo atacou novamente a nossa infraestrutura de energia”, disse o ministro ucraniano da Energia, Guerman Galushchenko. Os ataques tiveram como alvos “instalações de produção e sistemas de transmissão” nas regiões de Kiev, Kharkiv (nordeste), Zaporizhzhia e Lviv, acrescentou.

Uma grande usina termelétrica próxima de Kiev foi “completamente destruída”, informou um representante da empresa gestora à agência Interfax-Ucrânia.

Por sua vez, o Ministério da Defesa russo afirmou que “todos os alvos foram atingidos” e argumentou que os bombardeios são uma resposta aos ataques ucranianos das últimas semanas em território russo, em particular contra refinarias.

Na Lituânia, onde chegou nesta quinta-feira, Zelensky voltou a pedir aos aliados de Kiev que ajudem a reforçar a defesa antiaérea ucraniana e a “consolidar o apoio internacional com o objetivo de derrotar o terror russo”.

Zelensky anunciou a assinatura em Vilnius de um acordo bilateral de segurança com a Letônia, por um período de 10 anos.

“O acordo prevê um apoio militar anual da Letônia à Ucrânia equivalente a 0,25% do PIB. A Letônia se compromete a ajudar a Ucrânia durante 10 anos nas áreas de defesa cibernética, retirada de minas e tecnologias não tripuladas”, explicou Zelensky nas redes sociais.

– Lei polêmica –

O presidente ucraniano foi recebido em Vilnius por seu homólogo lituano, Gitanas Nauseda, para participar em uma reunião da iniciativa dos Três Mares, que reúne 13 Estados-membros da UE localizados entre o Báltico, o Adriático e o Mar Negro.

Ao mesmo tempo, o Parlamento ucraniano aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que endurece as regras para a mobilização militar, no momento em que a Ucrânia enfrenta uma escassez de soldados voluntários, mais de dois anos após o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

O texto endurece as penas para quem evita o recrutamento e gerou polêmica quando os parlamentares eliminaram, de última hora, a eliminação de um dispositivo que estabelecia a dispensa dos soldados que completassem 36 meses de serviço.

A medida representa um golpe para os soldados que estão na frente de batalha há mais de dois anos.

“99% dos homens querem descansar”, declarou à AFP Yevgen, um paraquedista de 39 anos que está na região leste de Donetsk. “Há militares que não voltam para casa há um ano. É muito injusto”.

O Exército ucraniano está sobrecarregado após o fracasso da contraofensiva iniciada em meados de 2023 e dos atrasos na entrega da ajuda prometida pelas potências ocidentais, no momento em que tenta conter o ataque das forças russas em várias posições da frente.

Para seguir com os combates, o Exército precisa de munições e soldados, mas enfrenta dificuldades para encontrar voluntários. Assim, em um primeiro momento, ampliou as condições para o alistamento, reduzindo a idade dos recrutas de 27 para 25 anos.

A reforma endurece as sanções para quem tenta evitar o recrutamento e também facilita o alistamento com a criação de um registro digital.

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