As razões são as mais variadas, e vão desde o resgate das origens familiares até os planos de morar ou estudar fora. Mas o fato é que, nos últimos anos, mais do que dobrou o número de documentos apostilados emitidos pelos cartórios para que brasileiros possam requerer uma segunda cidadania. Segundo o Colégio Notarial do Brasil, no ano passado foram emitidos 700 mil desses documentos; em 2020, haviam sido 300 mil. Esse número se refere a papéis como certidão de nascimento, casamento e óbito, por exemplo.

Quem conquista a dupla cidadania passa a ter, também no seu segundo país, os mesmos direitos e deveres dos cidadãos locais, inclusive no que se refere a acesso a serviços públicos e até mesmo a programas sociais. Além disso, passaportes de países como Itália, Portugal, Espanha, Alemanha e Japão possibilitam a entrada em diversos países sem a necessidade de visto.

A estimativa é de que haja no País mais de 30 milhões de descendentes de italianos, o que explica o motivo de a cidadania italiana ser a mais buscada pelos brasileiros. Neta de um desses imigrantes que deixaram a Itália para uma longa viagem de navio rumo à promessa de uma vida melhor, a administradora de empresas aposentada Terezinha Jeronimo conseguiu nesta semana o tão esperado passaporte italiano, cuja emissão só foi possível porque ela e os irmãos haviam garantido antes a dupla cidadania. “É uma sensação muito boa, uma espécie de resgate do passado. Nossa família sempre quis a cidadania italiana, até como uma forma de homenagem ao meu avô”, diz.

Ela já conhece a Itália, mas diz que quer voltar ao país agora como cidadã italiana. Terezinha comemora o fato de que o esforço familiar para reunir os documentos necessários para dar entrada no pedido de cidadania também vai ampliar o universo de possibilidades para os sobrinhos, que poderão, por exemplo, planejar estudar fora. Cada país tem regras próprias para a concessão de cidadania. Enquanto Portugal, Itália e Alemanha, por exemplo, não impõem um limite de gerações para a emissão do documento, a Espanha tem regras mais restritivas. A maioria dos consulados admite que os pedidos de concessão de cidadania sejam feitos pela internet.