A seleção brasileira e o técnico Tite buscam depois do empate por 0 a 0 com a Venezuela corrigir um fundamento bastante em baixa nos últimos jogos da equipe. A falta de gols em chutes de fora da área se mostra um problema para quem a cada compromisso encara adversários na retranca e se mostra com imensas dificuldades de superar as linhas defensivas e chegar ao gol rival.

Para o jogo de sábado, contra o Peru, na Arena Corinthians, a situação deve se repetir. A equipe adversária também jogará com uma postura mais defensiva e vai obrigar o Brasil a aumentar o repertório de jogadas para ameaçar a meta rival.

Desde o novo ciclo de trabalho da seleção brasileira, iniciado depois da Copa da Rússia, a equipe jogou 12 partidas e marcou 28 gols, dos quais apenas dois foram de chutes de fora da área. Os gols anotados de longe foram de Philippe Coutinho contra El Salvador, em amistoso no ano passado, e a finalização certeira de Everton contra a Bolívia, pela Copa América.

Tite identificou esse problema e passou a cobrar mais dos jogadores nos últimos treinos. Na quarta-feira, dia seguinte ao frustrante empate com a Venezuela, o treinador comandou uma atividade com os atletas reservas no CT do Vitória, em Salvador, e gritava insistentemente para os jogadores arriscarem mais finalizações: “Abriu, chuta!”, repetia.

Travado pela retranca da Venezuela na Fonte Nova, o Brasil pouco conseguiu chegar à área e também pouco arriscou chutes de longe. O goleiro Fariñez fez apenas uma defesa difícil, em chute de Richarlison, ainda no primeiro tempo, enquanto a seleção brasileira insistiu demais em cruzamentos ou em tentar entrar na área pelo setor central do campo.

“Talvez a gente precise melhorar um pouco nas finalizações, no acabamento das jogadas. É algo que nós vamos acertar”, comentou Everton, um dos jogadores com qualidade nos chutes de longa distância.

A preocupação de Tite é conseguir achar um repertório de soluções para superar as retrancas adversárias. Diante da linha de cinco defensores da Venezuela, o Brasil penou por não ter alternativas tão variadas. Os chutes de fora da área podem, portanto, evitar novos placares em branco para a seleção na competição.

“Tivemos inúmeras chances contra a Venezuela, defendemos bem, mas tivemos muita ansiedade. Estivemos um pouco acelerados lá na frente, na hora do último passe e da finalização. Temos de melhorar para poder passar de fase”, avaliou o lateral-esquerdo Filipe Luís.

Pelo menos na formação titular há jogadores com bastante potencial nesse fundamento. O principal deles é Coutinho. O meia do Barcelona marcou um belo gol de fora da área contra a Suíça, na Copa do Mundo, assim como anotou outro no ano passado contra El Salvador.

Candidato a titular no sábado, Everton já marcou de fora da área na Copa América. Até mesmo jogadores do setor defensivo têm boa potência nos arremates de longe. O lateral-direito Daniel Alves é um dos exemplos. No meio, Arthur costuma acertar o alvo.

DISCRIÇÃO – Em busca de privacidade, a seleção brasileira treinou na tarde de quinta-feira no CT do São Paulo, em trabalho fechado para os jornalistas. “É com muita motivação que a gente chega para esse jogo, muito importante e difícil, contra um adversário muito qualificado”, disse o meia Philippe Coutinho.